Taxocenose de serpentes em ambientes aquáticos de áreas de altitude em Roraima (squamata: serpentes)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Farias, Raimundo Erasmo Souza
Orientador(a): Carvalho, Celso Morato de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11392
http://lattes.cnpq.br/8181731005175485
Resumo: Nos estudos sobre distribuições faunísticas é coerente adotarmos regiões naturalmente delimitadas, porque nos permite interpretar os resultados com mais acurácia biogeográfica, além de gerar dados mais seguros sobre diferenciações biológicas. Em toda a região de Roraima estudos desta natureza podem, a depender da pergunta da pesquisa, inserir as respectivas unidades geográficas do trabalho no Escudo da Guiana, uma formação geológica antiga que ocupa parte da Colômbia, Venezuela, Guiana Francesa e norte da Amazônia – Roraima está inserido na parte central do Escudo. Neste estudo sobre distribuição de serpentes, em escala regional e geral abrangendo várias formações vegetais, a unidade geográfica de trabalho refere-se às nascentes dos rios Samã e Miang, ambos situados em áreas de altitude do Escudo da Guiana em Roraima (04º25', 61º08'W), região que faz a transição entre a brasileira Bacia de Boa Vista, região do lavrado, e a Gran Sabana venezuelana, região dos tepuyes. A hipótese de trabalho é que como a unidade geográfica do estudo está inserida no Escudo da Guiana, a sua ofiofauna é endêmica a esta formação – a maioria das espécies, mais de 50%, terá ocorrência restrita a esta formação geológica. Foram registradas na unidade geográfica de trabalho 42 espécies de serpentes incluídas em 6 famílias: Leptotyphlopidae 1 gênero e 1 espécie, Boidae 2 gêneros e 2 espécies, Colubridae 8 gêneros e 12 espécies, Dipsadidae 11 gêneros e 20 espécies, Elapidae 1 gênero e 3 espécies e Viperidae 3 gêneros e 4 espécies. Na região do Escudo da Guiana ocorrem 149 espécies de serpentes, 17 são ditas endêmicas a esta formação geológica. Ao menos 10 espécies registradas no BV-8 em Roraima estão restritas ao domínio da Amazônia e norte da América do Sul: Trilepida macrolepis, Chironius multiventris, Phrynonax poecilonotus, Dipsas pavonina, Dipsas variegata, Erythrolamprus breviceps, Pseudoboa neuwiedii, Xenodon severus, Micrurus hemprichii e Bothrops atrox. Duas espécies, Dipsas copei e Erythrolamprus trebbaui têm distribuição localizada, ocorrem em apenas algumas regiões amazônicas; 29 espécies têm ampla distribuição e apenas Micrurus pacaraimae pode ser considerada endêmica na região estudada, até o momento. Embora as 42 espécies registradas ocorram na área do Escudo, a distribuição é mais ampla, portanto conclui-se que não há uma ofiofauna endêmica do Escudo da Guiana na unidade geográfica deste estudo. Com relação à história natural, quatro guildas de cobras estão presentes na unidade geográfica do estudo, com predominância de espécies batracófagas e saurívoras, seguidas pelas que predam aves e mamíferos. Com relação à reprodução a maioria das espécies tem algum vínculo com o período chuvoso, algumas com mais de um ciclo reprodutivo, a maioria ovípara. A espécie mais frequente neste estudo e com o maior número de exemplares coletados foi Bothrops bilineata, o que não é frequente nos relatos herpetológicos. A maioria das espécies que vivem nas cabeceiras dos rios Samã e Miang utilizam as áreas de mata para sobreviverem, evidenciando a importância dos microhábitats associados às cabeceiras destes rios.