Investigação de arbovírus e vírus específicos de insetos a partir de dípteros hematófagos coletados no sudeste do Pará (Marabá, Canaã dos Carajás e Curianópolis) no período de 2014 a 2015

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ribeiro, Ana Cláudia da Silva
Orientador(a): Rodrigues, Sueli Guerreiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MS/SVS/Instituto Evandro Chagas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/3724
Resumo: Os arbovírus são vírus transmitidos por artrópodes hematófagos e são mantidos na natureza sendo veiculados aos humanos e animais por meio da picada do artrópode, bem como, pelas vias transovariana e venérea. Os vírus específicos de insetos (ISV), são vírus que infectam naturalmente os artrópodes hematófagos. E, neste contexto, encontra-se a Amazônia Brasileira, que alberga vários projetos mineradores que interferem nos aspectos faunísticos e florísticos dessas regiões. Assim, o presente estudo visa investigar a circulação de arbovírus e ISV a partir de dipteros hematófagos coletados no Sudeste do Pará (Marabá, Canaã dos Carajás e Curionópolis) no período de 2014 a 2015. Foram processadas 498 pools de artrópodes hematófagos, sendo que a maior parte das amostras foram coletadas nas áreas de Canaã dos Carajás-PA, que correspondeu a cerca de 76,0% (379/498), seguida de Curionópolis-PA corresponderam a cerca de 12,6% (63/498) e Marabá-PA foi 11,4% (57/498). Os pools de insetos foram inoculados em culturas de células VERO e C6/36 e, posteriormente, foi realizada a imunoflurescência indireta (IFI), a reação da transcriptase reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) e o sequenciamento nucletídico de alguns isolados virais. Dentre as 498 amostras de pools de artrópodes hematófagos inoculados nas linhagens C6/36 e VERO, 15,6% (77/498) destas apresentaram efeito citopatico (ECP) na célula C6/36, 0,6% (3/498) amostras apresentaram ECP na célula VERO; 83,8% (418/498) das amostras não apresentaram ECP em nenhuma das linhagens utilizadas. O ECP observado nas linhagens VERO e C6/36 infectadas foi do tipo lítico, caracterizado pela presença de células mortas, bem como a refração refrigência celular e a formação de sincícios até a completa destruição da monocamada. Dentre as 80 amostras com ECP, as quais foram selecionadas de forma aleatória, uma amostragem de oito isolados foi selecionada para a realização do sequenciamento nucleotídico completo, e as demais amostras que apresentaram resultados de IFI e de RT-PCR negativos formaram um banco de amostras na soroteca da SAARB-IEC, visto que não foi possivel trabalhar com todas as amostras devido limitação para a realização de sequenciamento, técnica bastante cara. Através das análises filogenéticas, identificou-se a ocorrência de uma variedade de ISVs nas oito amostras sequenciadas, sendo a maioria delas pertencentes ao táxon Negevírus (vírus Brejeira, Negev, Cordoba, Wallerfield e Feitosa) na área de abrangência do projeto S11D. Um ISV (vírus Brejeira) também foi detectado na área de abrangência do projeto Serra Leste. Obteve-se também o isolamento de dois negevírus pela primeira vez no Brasil, o vírus Cordoba e o vírus Negev. Em Canaã dos Carajás, foram detectados dois novos vírus para a ciência: o negevírus Feitosa e um vírus diferente relacionado ao vírus Wenzhou picorna-like 46, nomeado, vírus Canaã. Não foram detectados arbovírus pertencentes aos gêneros Flavivirus, Alphavirus, Orthobunyavirus e Phlebovirus nas 80 amostras incluídos na pesquisa. Assim, são muito relevantes os resultados deste trabalho, pois demonstram que a região estudada apresenta uma grande diversidade de ISVs que precisam ser mais bem estudados, até mesmo, no que diz respeito aos ISVs possivelmente em interferir na transmissão dos arbovírus.