Pistas linguísticas e paralinguísticas para os sentidos diminutivos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: PINHEIRO, Bruno Felipe Marques
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal De Sergipe
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://deposita.ibict.br/handle/deposita/373
Resumo: Nos termos da gramática normativa, convencionou-se que o diminutivo é o processo gramatical que se refere aos nomes derivados que, por meio de sufixos, denotam a noção de dimensão pequena em relação às suas palavras primitivas (OLIVEIRA, 1536; BARBOSA, 1822; SOARES BARBOSA; 1845, dentre outros). Entretanto, o processo de derivação nos diminutivos resulta não somente em ideia de pequenez: (i) os diminutivos expressam ideias associadas à emotividade (CUNHA; CINTRA, 1985; BECHARA, 2009, dentre outros), diminuindo situações de forma apreciativa ou depreciativa; (ii) como também existem diminutivos que caminham ou já estão em um processo de lexicalização (ROCHA LIMA, 1992; ROCHA; VICENTE, 2016). No português brasileiro, o comportamento do diminutivo vem sendo observado a partir de [x-inho] e [x-zinho] como variantes de uma variável linguística para compreensão do significado do diminutivo, destacando a relação entre variáveis estruturais relacionadas à expressão do sufixo. No entanto, ainda há poucas evidências da sistematicidade de padrões para a distinção entre diminutivos lexicalizados e afetivos, e entre a apreciação positiva e negativa; os valores são decorrentes da intuição e subjetividade do analista para avaliar, por meio de pistas contextuais, a valoração do diminutivo. A fim de ampliar o escopo de análise sobre o significado do diminutivo, consideramos o tipo de classificação do diminutivo (afetivo ou lexicalizado) + o tipo de apreciação (positiva ou negativa) para analisar o comportamento do diminutivo em 30 entrevistas sociolinguísticas documentadas em áudio e vídeo com estudantes universitários da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A partir de 241 ocorrências, identificamos a associação dos fatores estruturais (base morfológica, sufixo, tonicidade, extensão silábica, classe morfológica), fatores estilísticos (tópico discursivo e envolvimento do falante), fatores suprassegmentais (recursos prosódicos) e fatores paralinguísticos (expressões faciais), ampliando o poder de explicação sobre o significado dos diminutivos. Realizamos duas análises independentes entre si: (i) variáveis estruturais e variáveis prosódicas (testes de associação e análises de variância); (ii) e uma análise com as variáveis semânticas e variáveis emocionais (com reconhecimento facial a partir do protocolo Action Coding Systems - FACS). Observamos que existe uma convergência entre os resultados de análises que tomam o sufixo como variável dependente. As variáveis base morfológica, sufixo, tonicidade, extensão e classe diferenciam os diminutivos lexicalizados e afetivos. As variáveis prosódicas não diferenciaram os tipos de diminutivos que foram controlados. Na análise do reconhecimento facial dos falantes, os resultados sugerem relação entre a expressão facial do participante e o tipo de apreciação associada ao diminutivo. Os resultados apontam que existem pistas linguísticas e paralinguísticas que atuam na diferenciação dos diminutivos, seja entre lexicalizados e afetivos, e entre apreciação positiva e negativa, contribuindo com evidências para análises intuitivas como as apresentadas nas gramáticas. Por fim, consideramos que houve uma limitação da amostra e em relação à análise do reconhecimento facial, por isso é preciso realizar uma testagem em larga escala para ampliar o poder explanatório dos resultados.