De inconstantes e preguiçosos a trabalhadores exemplares: o discurso administrativo sobre as populações indígenas nos pueblos de indios do rio da prata (1768-1800)
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Escola de Humanidades Brasil Programa de Pós-Graduação em História |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://deposita.ibict.br/handle/deposita/314 |
Resumo: | A expulsão dos jesuítas do território americano, efetivada em 1768, foi marcada por intensas transformações na gestão política dos espaços que estiveram praticamente 150 anos sob a sua égide exclusiva. Os representantes da Coroa, delegados para cumprir os desígnios régios, foram os responsáveis por elaborar e implementar uma série de propostas de reforma cujo intuito fundamental era trazer os habitantes das missões à vida plenamente “civilizada”. Conjuntamente com esse esforço, foi preciso que os agentes da Coroa tornassem as condutas indígenas pensáveis na sua narrativa – pois era essencial que se compreendessem as suas aptidões e capacidades para aceder aos ideais de “progresso” projetados pelas autoridades. O propósito dessa investigação, portanto, foi compreender como se deu esse processo, cujo resultado foi a consolidação de uma imagem particular sobre as populações indígenas que ocupavam esses territórios. Partindo dos informes, memoriais, sumárias e demais escritos elaborados pelas autoridades coloniais, buscamos compreender como a construção da figura dos indígenas se alterou em função das necessidades da nova administração, bem como dos procedimentos empregados pelos narradores. O recorte temporal foi estabelecido em função dessa mudança observada no discurso administrativo, uma vez que, desde a elaboração e implementação das Ordenanzas de Francisco de Bucareli, em 1768, até a “liberação” formal de algumas famílias indígenas pelo Vice-Rei Gabriel de Avilés em 1800. No decorrer desse período, os nativos passam de “inconstantes e preguiçosos a trabalhadores exemplares”. A partir das proposições de François Hartog, buscamos retraçar os predicados associados à figura do “índio” no interior do discurso. Em consonância com a Teoria dos Contextos de Roy Wagner, defendemos que as diferentes “associações” relacionadas à condição dos indígenas configuraram o que denominamos uma forma particular de “retórica da alteridade ilustrada”. Esse procedimento esteve amparado pela afirmativa de Michel de Certeau de que esses textos apresentam uma dimensão eminentemente literária, sobre a qual se pode perguntar como se configuraram os “discursos sobre o outro”. |