BGV na paz : ações educativas para governar a população do bairro Getúlio Vargas da cidade do Rio Grande / RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Nunes, Evandro dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.furg.br/handle/1/8337
Resumo: Esta dissertação dedica-se a problematizar o programa municipal de segurança pública denominada BGV na Paz, produzido e colocado em funcionamento no início do ano de 2015 em um bairro considerado violento na cidade do Rio Grande - RS. Tal programa teve como lócus de funcionamento uma série de ações as quais tratei como educativas, uma vez que as mesmas foram destinadas ao bairro Getúlio Vargas, também conhecido como BGV ou Cedro, para transformar o local em um território de paz. Além da transformação do bairro, as ações do programa, quando em funcionamento, estabeleceram relações de poder com a população local no sentido de buscar destruir modos de viver tidos como ruins e perigosos e produzir outros tidos como mais dignos de viver. Dessa maneira, ficar em esquinas, fugir dos braços escolares e manter relações conflituosas com os setores governamentais foram modos de viver que as ações buscavam destruir e em contra partida, estimular a "boa" convivência, o afastamento das drogas, a necessidade de permanecer nas escolas e aceitar seus funcionamentos foram alguns modos de viver pautados pelo programa. Por meio destas informações o tema desta dissertação é a segurança pública na cidade do Rio Grande - RS e o problema de investigação é: em que medida o programa BGV na Paz foi tomado como solução para o problema da segurança na cidade do Rio Grande? O objetivo principal foi mapear e problematizar os processos de implementação do Programa BGV na Paz, na cidade do Rio Grande - RS, nos anos de 2015-2016. Sobre as promessas de pesquisa realizadas aponto: (a) acessar resistências do público aos funcionamentos das ações e (b) acessar diferenciais de demandas na relação dessas com o público. Para dar conta destas duas promessas, uma série de decisões foram tomadas em termos de "método", entre elas colocar para funcionar algumas pistas da cartografia social destacada na atitude de "estar lá" para acompanhar processos de produção e funcionamento das ações do programa. Além disso, a decisão de traçar um plano comum para a pesquisa, onde as conversas com moradores, os dados estatísticos, as andanças, os noticiários de jornais foram essenciais para essa atitude. Além destas, a problematização tendo como suporte as teorizações de Michel Foucault também compõe as decisões de método para nortear à escrita. Entre as ações produzidas e colocadas em funcionamento no bairro destaco as três que foram escolhidas por mim para compor o corpus das problematizações e dos acompanhamentos no seu desenvolvimento: (a) a produção de um núcleo de policiamento comunitário no bairro, (b) o projeto Consultório na Rua e a (c) ação BGV rolezinho. Tais ações compõem o programa juntamente com outros projetos que foram mapeados e problematizados nesta dissertação, assim sendo, tratei-as como veículos ou veículos utilizados para conhecer, normalizar e governar uma população, que atualmente é tratada na cidade como problemática, em função de dados estatísticos que apontam para o bairro como epicentro de homicídios em série. Como resultados de investigação aponto a negação dos moradores do bairro a aceitar a condição de local e população violenta, a criminalização de alguns modos de vida que fogem aos tradicionais por setores governamentais e o programa BGV na Paz atuando como uma rede de setores para governar a população local, na tentativa de fazê-los viver, independentemente da condição que os sujeitos estejam.