O exercício da advocacia do paciente pelos enfermeiros: uma perspectiva foucaultiana.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Tomaschewski-Barlem, Jamila Geri
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.furg.br/handle/1/9856
Resumo: A advocacia do paciente na enfermagem tem sido descrita como um fundamento filosófico e um ideal para a prática da profissão, apesar das possíveis barreiras para seu exercício. Acredita-se que a advocacia do paciente, como um componente ético do trabalho da enfermagem, está fortemente articulada ao exercício de poder dos enfermeiros, pois requer a coragem de falar a verdade, ou seja, a parresía, do mesmo modo como são necessárias estratégias de resistência para enfrentar possíveis barreiras que se apresentam. Mediante utilização de referencial filosófico foucaultiano, foi defendida a seguinte tese: os enfermeiros reconhecem suas ações como advogados do paciente e utilizam-se da parresía e de estratégias de resistência para enfrentar as barreiras que comprometem seu exercício. Teve-se como objetivo geral do estudo: compreender como os enfermeiros têm exercido a advocacia do paciente. Ainda, foram objetivos específicos: adaptar culturalmente e validar o instrumento Protective Nursing Advocacy Scale para enfermeiros brasileiros; analisar crenças e ações de enfermeiros no exercício da advocacia do paciente no contexto hospitalar; conhecer como os enfermeiros vêm exercendo a advocacia do paciente no contexto hospitalar. O estudo foi desenvolvido em duas etapas, uma quantitativa e outra qualitativa. A etapa quantitativa foi realizada junto a 153 enfermeiros de duas instituições hospitalares do sul do Brasil, uma pública e uma filantrópica, através da aplicação da adaptação transcultural do Protective Nursing Advocacy Scale. Mediante avaliação de comitê de especialistas, realização do pré-teste e alfa de Cronbach, a validade de face, conteúdo e constructo do instrumento foi considerada satisfatória para utilização no contexto brasileiro. A partir da análise fatorial, foram identificados cinco constructos: implicações negativas do exercício da advocacia; ações de advocacia; facilitadores ao exercício da advocacia; percepções que favorecem o exercício da advocacia; barreiras ao exercício da advocacia. A análise descritiva permitiu verificar que os enfermeiros acreditam que estão advogando pelos pacientes em seus ambientes de trabalho, concordando que devem advogar, especialmente, quando pacientes vulneráveis precisam da sua proteção em situações prejudiciais. Os valores pessoais e a qualificação profissional foram identificados como principais fontes de apoio ao exercício da advocacia; barreiras como burnout e sofrimento moral e a falta de dedicação à enfermagem não foram identificadas como obstáculos ao seu exercício. Os enfermeiros evidenciaram, ainda, que nem discordam/nem concordam que advogar pelos pacientes em seus ambientes de trabalho possa lhes trazer consequências negativas. Na etapa qualitativa, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dezesseis enfermeiros de uma instituição hospitalar pública do sul do Brasil. Realizou-se a análise textual discursiva dos dados, emergindo duas categorias: a coragem de verdade: o exercício da advocacia mediado pelo diálogo franco; estratégias de resistência para o exercício da advocacia do paciente. Acredita-se que as barreiras que comumente comprometem o exercício da advocacia podem ser enfrentadas, especialmente, quando os enfermeiros utilizam sua capacidade de exercer poder e resistir, reconhecendo-se como parresiastas, evidenciando sua relação direta com a verdade e compreendendo a advocacia do