Lições do Rio Grande: “a boa pedagogia” nos discursos sobre a produção de um currículo para a educação física escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Silva, Bruno de Oliveira e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.furg.br/handle/1/5057
Resumo: Este estudo se localiza na linha de Pesquisa Educação Científica: Implicações das Práticas Científicas na Constituição dos Sujeito. E teve como objetivo descrever, problematizar e investigar os artefatos pedagógicos colocados em operação na produção do documento conhecido como ‘Lições do Rio Grande’, referencial curricular para as escolas estaduais do Rio Grande do Sul, em especial o componente curricular da Educação Física. O material foi produzido no âmbito da Secretaria de Estado da Educação entre os anos de 2008 e 2009. A investigação realizada apoiou-se nas teorizações pós-estruturalistas, utilizando termos analíticos da análise cultural, com contribuições da história oral na construção de dados empíricos (entrevistas). Dessa maneira, considero os Referenciais Curriculares do RS um artefato pedagógico que emerge de objetos resultantes das relações de poder-saber-sujeito, de ordem política, epistemológica, científica e pedagógica, tornado visível no regime de verdade de uma determinada política curricular, que em sua discursividade determina o conhecimento a ser desenvolvido/trabalhado no ambiente escolar. As Lições do Rio Grande estimulam e pautam um conjunto de técnicas de si e de denominação que objetivam organizar e administram a condução de condutas do professorado e permite governar a conduta dos alunos. É possível afirmar que o currículo por competências se associa a uma perspectiva de educação sintonizada, sobretudo, com os processos de inserção social e de controle dos conteúdos a serem ensinados e, por conseguinte, de controle do trabalho docente. Ao produzir os referenciais, o Governo estadual busca educar e moralizar para o exercício de uma certa cidadania, articulada com a formação de trabalhador adaptado, conformado e flexível. Algumas críticas a esse material se apoiam nas noções mais contemporâneas, avaliando que os referenciais não deixam espaço e tempo pedagógico para aspectos sócio-históricos em termos de formação do professorado, como a história pessoal, o contexto cultural e político de cada escola, ou ainda as características, os anseios e os desejos dos alunos. O fascículo que versa sobre a Educação Física deste documento é organizado a partir de competências e habilidades, princípios e temas estruturadores, que perpassam o tratamento crítico da cultura corporal do movimento. Tendo como base o Movimento Renovador, a praxiologia motriz e a citada lógica por competências (também dominante nas outras áreas), produz saberes que entendem a Educação Física como a sistematização das práticas corporais, compreendendo-as como produções culturais dinâmicas, diversificadas e contraditórias. O documento permite problematizações que questionam a rigidez desses saberes, que dificulta a produção de outros sentidos, significados e significantes, nas relações com os sujeitos. Por fim, cabe sinalizar que a discursividade acerca dos saberes da Educação Física, privilegiados nos referenciais curriculares, não partiu dos interesses, da história, do ambiente ou da comunidade escolar em questão, mais, sim, da justificativa de que esses saberes são hegemônicos na área há várias décadas.