Estrutura e conectividade trófica das assembleias de peixes em um estuário subtropical e seus sistemas fluvial e marinho adjacentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Garcia, Adna Ferreira Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.furg.br/handle/1/9932
Resumo: Investigar as mudanças na estrutura trófica e na partição de recursos alimentares entre espécies ao longo dos gradientes ambientais ajuda a revelar a organização das comunidades biológicas e o funcionamento dos ecossistemas. Nesse contexto, o objetivo principal da presente tese foi investigar como as relações tróficas de consumidores aquáticos mudam ao longo de um gradiente rio-estuário-mar e em períodos hidrológicos contrastantes (seco e chuvoso). Mais especificamente, foram investigados (i) mudanças na organização trófica e na importância relativa de fontes autotróficas sustentando assembleias de peixes ao longo de um transecto rio-estuário-mar (Capítulo 1), (ii) a assimilação de material alóctone continental, carreado pelas fortes chuvas associadas ao evento El Niño 2015, por consumidores estuarinos (Capítulo 2) e (iii) o grau de sobreposição e amplitude de nicho trófico de espécies congenéricas de tainhas (Mugil curema e M. liza) entre ambientes estuarinos e marinhos (Capítulo 3). Esses tópicos foram investigados a partir da análise de conteúdos estomacais dos peixes e das razões isotópicas de carbono (13C) e nitrogênio (15N) das fontes alimentares e consumidores no Complexo Estuarino Tramandaí-Armazém (29oS), o rio e a zona de arrebentação marinha adjacentes. Houve uma maior complexidade na estrutura trófica da ictiofauna no estuário, o que poderia ser explicado pelo maior número de componentes (fontes primárias, presas e predadores) associados às cadeias alimentares pelágicas e bentônicas no estuário. A maioria dos consumidores estuarinos apresentou valores médios menores de 13C durante o período chuvoso associado ao El Niño de 2015, o que parece refletir o aumento na assimilação do material alóctone continental carreado do rio para o interior do estuário nesse período. O tamanho e grau de sobreposição dos nichos isotópicos das tainhas variaram entre os ambientes, com nichos maiores no estuário e maior sobreposição no mar. Estes padrões parecem refletir os níveis contrastantes de disponibilidade de alimentos entre os ambientes; com maior diversidade e distinção na dieta entre as espécies de tainhas no estuário, que abriga uma maior diversidade de alimentos (microalgas). Os resultados obtidos na Tese reforçam a necessidade de considerar (e.g., em planos de mitigação de impactos nos ambientes costeiros) as mudanças nas relações alimentares dos organismos em nível de comunidades e espécies que podem ocorrer ao longo de gradientes ambientais e por influência de fenômenos climáticos globais.