Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Corrêa, Marcela Garcia |
Orientador(a): |
Farah, Marta Ferreira Santos |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/10438/30742
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Resumo: |
A pobreza é uma das principais temáticas discutidas pelas Ciências Sociais e nas últimas décadas ganhou destaque enquanto problema social a ser enfrentado pelos Estados, por meio de políticas públicas. Entre as possíveis ações estatais para combater a pobreza, as políticas de transferência de renda direta materializam-se como o “carro-chefe” da assistência social em países do Sul Global. A focalização nas mulheres, preferencialmente titulares do benefício, é uma das principais características desse tipo de iniciativa, pois garantiria que o dinheiro fosse aplicado de forma mais “eficiente” para sobrevivência das famílias, em especial para o cuidado das crianças e dos adolescentes. Esse aspecto é discutido por autoras feministas como uma forma de “funcionalizar” a mulher, o que reproduziria papéis de gênero que sobrecarregam as mulheres com o trabalho do cuidado. No Brasil, o programa Bolsa Família completa 16 anos de implementação e, apesar das controvérsias, é visto como uma política de sucesso no combate à pobreza. Na seara de estudos sobre possíveis mudanças na vida das pessoas beneficiárias, diversas autoras discutem sobre possíveis processos de ganhos de autonomia das mulheres. A partir desse questionamento, o corpus analítico consolidado aponta para dois caminhos possíveis: aumento de autonomia feminina ou reforço dos papéis de gênero. O presente trabalho busca analisar se laços sociais de mulheres beneficiárias são transformados ou iniciados após a inserção delas no Bolsa Família, e se estes são capazes de impulsionar ou minar a sua autonomia, tendo o potencial de contribuir para que transcendam desigualdades de gênero. O conceito de autonomia relacional adotado combina uma abordagem feminista a uma perspectiva sociológica, ao considerar que as pessoas só podem ser efetivamente autônomas nas suas relações com outras [nunca sozinhas, isto é, independentes]. Assim, a autonomia é marcada pela interdependência entre as pessoas, vistas como “eus em relação”. Para responder a pergunta de pesquisa, foi realizado um estudo de caso qualitativo, que lança mão de análise documental, observação direta e entrevistas em dois bairros periféricos em Santos (SP) – Alemoa e Dique Vil Gilda. Como estratégia de coleta e análise dos dados optou-se pelo uso do método da história oral, empreendido com trezes mulheres beneficiárias do Bolsa Família e residentes de moradias sobre palafitas. Adicionado a isto, foram conduzidas entrevistas com roteiro semiestruturado com assistentes sociais que trabalham nos CRAS (Alemoa e Rádio Clube), ambos equipamentos que as mulheres beneficiárias frequentam. Os resultados sugerem que a autonomia dessas mulheres é imperfeita, uma vez que as dinâmicas produzidas no ciclo intergeracional da pobreza e as múltiplas carências e violências (com destaque às de gênero) não são rompidas e continuam condicionando as suas experiências cotidianas. Ademais, constatou-se que, por um lado, a autonomia é minada por relações com homens que reproduzem papéis desiguais de gênero; mas, por outro lado, há espaço para construção de redes de ajuda mútua e afetos para além da esfera doméstica, sendo dinâmicas importantes para o impulso da autonomia e bem-estar das mulheres. |