Inovação e hospitais universitários: um estudo de caso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pereira, Antonio José Rodrigues
Orientador(a): Malik, Ana Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/10438/32962
Resumo: Introdução: A inovação nos serviços inclui implementação de avanços ou processos tecnológicos em serviços assistenciais ou de ensino, visando ajustes e melhorias. Objetivo: Analisar de que forma a adoção de inovação da Saúde resulta em mudanças na gestão e na produção assistencial no Hospital Universitário. Métodos: Revisão da literatura científica sobre temas da gestão de hospitais universitários – HUs, interações com os Sistemas de Saúde e o impacto da inovação nos três eixos mandatórios (assistência, pesquisa e ensino). Foram utilizadas duas abordagens metodológicas: (i) revisão da literatura sobre inovação, trazendo um exemplo específico, a cirurgia robótica; (ii) análise do estudo deste caso neste hospital universitário. Resultados: A literatura científica revisada apresenta a evolução acelerada de inovações incrementais e disruptivas nas últimas décadas. Inovações estruturantes de alto custo e healthtechs estão reinventando e aprimorando processos e serviços hospitalares. Embora o Sistema Único de Saúde, SUS, tenha legislado aumento das responsabilidades dos HUs, seu financiamento não foi adequadamente ajustado. Esta dinâmica e pressões para incorporar inovações desafia os HUs para garantir sustentabilidade na entrega dos resultados de ensino, pesquisa e assistência. Alguns resultados gerenciais desta adoção do Programa de Cirurgia Robótica foram avaliados por meio da análise post facto dos dados do estudo controlado original, comparativo às cirurgias convencionais, abertas ou laparoscópicas, em subprojetos. O uso de recursos assistenciais foi significativamente mais elevado para as cirurgias robóticas na metade dos subprojetos. A maior proporção dos custos ocorre no período intraoperatório. O valor dos materiais descartáveis dedicados utilizados com o robô (monopólio do fabricante) é elevado, resultando na tendência de maior custo se comparando às cirurgias convencionais (de controle). Entretanto, houve ganhos de prestígio institucional, capacidade física instalada e know-how especializado, que inovaram no programa de ensino e ampliaram as oportunidades de pesquisas. Porém, aumentaram-se as responsabilidades em gestão hospitalar e o planejamento inicial do estudo foi parcial, sem prever o programa regular posterior no SUS. Pressão, negociações e dívidas hospitalares para continuar o programa assistencial sem financiamento, ampliaram-se. Isto destacou a importância da visão de futuro que os gestores hospitalares devem possuir. Conclusão: Inovações podem ensejar evolução e renovação, mas aumentar custos institucionais e gastos para o Sistema de Saúde. Neste caso estudado, persistem controvérsias sobre a relevância clínica dos benefícios adicionais, que este estudo ainda não dirimiu de forma conclusiva. Houve ganhos institucionais nas missões de pesquisar e de ensinar o estado da arte. Há maior capacidade cirúrgica instalada. Mais leitos disponíveis propiciam maior resolutividade assistencial. Os recursos humanos estão mais confortáveis e experientes. Contudo, para os pacientes, isto ainda não influenciou a sobrevida global ou livre de progressão do câncer. Além disto, elevaram-se os custos para o programa assistencial pela cirurgia robótica. Em 2021, o Ministério da Saúde voltou a afastar a perspectiva de seu financiamento. O caso de adoção de inovação, como neste exemplo, desafia gestores hospitalares a inovar em métodos para gerenciar dados da vida real e antecipar determinantes do contexto político-econômico do setor de Saúde. Documentar e disseminar conhecimentos e experiências pode permitir avanços na Administração Hospitalar.