Potenciais inovadores e desafios das organizações alternativas: um estudo analítico no bairro Guapiruvu

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: Oliveira, Fernanda Antunes de
• Orientador(a): Alves, Mário Aquino, Edwards, Timothy
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Organizações alternativas; Inovação social; Desenvolvimento; Transformação social
• Palavras-chave em Inglês: Alternative organizations; Social innovation; Development; Social transformation
• Link de acesso: https://hdl.handle.net/10438/35031

O objetivo desta tese residiu em identificar e analisar os potenciais inovadores das organizações alternativas localizadas no bairro do Guapiruvu e autogeridas pela própria comunidade; estas foram contextualizadas nas relações com o governo, a sociedade Civil, o mercado e outras instituições. A contribuição teórica foi também prática, pois expande a teoria organizacional, tanto privada quanto pública, ao conectar a proposta alternativa com a inovação social através da perspectiva prática/ simbólica dos sujeitos atuantes nas organizações alternativas. O aspecto central ao delinear as organizações alternativas esteve na resistência a uma ou mais relações/grupos dominantes, ou seja, na promoção da inclusão através de transformações sociais para contextos mais democráticos e diverso. Nas transformações inclusivas foi onde residiu uma espécie de cola entre as temáticas das organizações alternativas e da inovação; bem como foi a característica a qual fundamentou a análise sobre o que estimulou ou constrangeu os potenciais inovadores nas organizações alternativas. Esta tese se tratou de uma pesquisa qualitativa, de investigação de casos múltiplos e, além das observações, foi feita a análise textual discursiva a partir das entrevistas. O enfoque da pesquisa esteve na investigação das crenças e valores dos sujeitos que constituem as diferentes ideologias políticas intrínsecas ao discurso. Ademais, o discurso é ao mesmo tempo prático e simbólico, assim como os potenciais analisados de transformação e inclusão. Portanto, as escolhas teórico-metodológicas trouxeram coerência epistemológica e ontológica para a investigação das organizações alternativas e para a compreensão de seus princípios políticos contra-hegemônicos e não-universalistas. Em suma, através da análise esta pesquisa sugeriu a importância das organizações alternativas em relação com outras esferas (governo, sociedade civil, instituições de ensino e outras organizações) na promoção de transformações sociais. Os sujeitos participantes demonstraram um forte senso de pertencimento e empoderamento, reconhecendo-se como agentes de mudança e capazes de promover inovação a partir da cultura do bairro de inclusão, ou a cultura nomeada por eles como “a cultura do acreditar”. A relação com outras instituições, quando acessíveis para a criação e compartilhamento de conhecimentos, foram aspectos fundamentais nestes processos de transformação. A exemplo da relação com o projeto de ciência cidadã (que motivou esta tese), com as escolas locais, com o governo através de políticas públicas como o PNAE, além do apoio da comunidade nas atividades agroecológicas e alternativas desenvolvidas. Foram evidenciadas identificações com posicionamentos ideológicos contra-hegemônicos, mais inclusivo e democrático, que retomam a centralidade para aspectos éticos e políticos das organizações e da sociedade como um todo; mas que são frequentemente negligenciados nos estudos organizacionais e nas propostas globais de desenvolvimento e inovação. Esta investigação contribui para uma compreensão mais ampla, a partir dos discursos dos sujeitos entrevistados, sobre o papel das organizações ancoradas em uma perspectiva que se afasta do eurocentrismo e do universalismo naturalizados nas temáticas organizacionais sobre o desenvolvimento e inovação. A despeito da pouca notoriedade e reconhecimento, as organizações alternativas demonstraram fortes contribuições rumo à inovação social e ao desenvolvimento de forma mais justa, democrática, diversa e, portanto, inclusiva.