Prazer e sofrimento no trabalho sob a ótica da psicodinâmica: um estudo com operários de uma fábrica do setor FMCG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Caon, Marcelo Henrique
Orientador(a): Andrade, Daniel Pereira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/10438/32893
Resumo: O tema do estudo aborda o prazer e sofrimento no trabalho sob a ótica da psicodinâmica. A justificativa para a pesquisa se desenvolve a partir da perplexidade com as tendências alarmantes relacionadas à saúde mental de trabalhadores brasileiros, cujas estatísticas apontam para um aumento expressivo na concessão de auxílio em decorrência de transtornos. Como eixo central da problemática, a seguinte pergunta de pesquisa se coloca para o TA: Como ampliar o prazer no trabalho e efetivamente reduzir, mas não somente gerenciar, o sofrimento dos trabalhadores? Para responder à questão, além do compêndio teórico, definiu-se como objeto de análise uma fábrica com 1.667 operários de uma organização de capital fechado do setor Fast Moving Consumer Goods (FMCG). O objetivo do estudo em contexto laboral foi correlacionar os achados teóricos com o ambiente real através do mapeamento das vivências predominantes na indústria em questão, por meio da aplicação da escala de indicadores de prazer e sofrimento no trabalho (EIPST), utilizada como instrumento de pesquisa. Para o encaminhamento do referencial teórico foram selecionados autores cujas obras dialogam com a EIPST, além de trabalhos que trazem uma análise sobre como estratégias e dispositivos de gestão podem exercer influência sobre as vivências de prazer ou sofrimento. Para o encaminhamento metodológico optou-se pela adoção da estratégia de pesquisa descritiva e utilização do método quantitativo, em uma amostra de 99 trabalhadores da empresa. Dentre os achados e recomendações da pesquisa destacam-se, a importância de uma ótima concepção da condição do trabalho e da organização do trabalho, essenciais para o bem estar físico e psíquico do trabalhador; a necessidade de atenção permanente aos aspectos que envolvem a ressonância simbólica e o espaço público para discussões, promotores da identidade, da compatibilização das pulsões individuais com o trabalho real, e do ambiente para o trabalhador tratar de suas questões internas; e o entendimento dos mecanismos que envolvem o processo de mobilização subjetiva (inteligência operária e reconhecimento simbólico), acionado pelo trabalhador no enfrentamento do sofrimento patológico. Os resultados analisados a partir da aplicação da EIPST revelaram para a empresa em estudo a existência de vivências muito bem avaliadas como “orgulho do que faço” e “discriminação” (baixa discriminação e respeito à diversidade), mas também lacunas em vivências que alertam para oportunidades no campo da ressonância simbólica e do espaço público para discussões. A reflexão final do trabalho aplicado nos leva a indagar se as empresas de forma geral, na busca contínua pela legitimidade e sobrevivência, não estariam sobrepondo os interesses empresariais ao seu papel social, onde se considere “uma gestão mais humana, que recuse instrumentalizar os homens, [...] como um recurso”, como defende Gaulejac (2007, p. 289). A partir de tal perspectiva e dos aprendizados do referencial teórico, assume-se que, independentemente da lógica sociometabólica vigente, o principal agente de mudança inserido no sistema e capaz de alterar a preocupante tendência das estatísticas é o líder, o gestor, responsável por influenciar e articular os elementos críticos da psicodinâmica que envolvem a ampliação do prazer e redução efetiva do sofrimento.