Avaliação ecotoxicológica das cinzas de queimadas do cerrado em ambientes aquáticos.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: BRITO, D. Q. de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1011948
Resumo: No cenário mundial das mudanças climáticas, vários estudos preveem o aumento das queimadas em diferentes partes do mundo. Grandes extensões de áreas nativas e de pastos são queimadas no Bioma Cerrado anualmente, e o mau uso da prática de queimadas durante o período de estiagem tem acarretado sérios danos à biodiversidade dos ecossistemas e à saúde popular. Com o advento das chuvas após o período de seca no Bioma Cerrado, grande quantidade de cinzas da biomassa são lixiviadas e entram nos sistemas aquáticos, podendo ocasionar efeitos adversos. Diante disso, o presente trabalho propôs-se a avaliar os atributos químicos das cinzas e do solo de três áreas distintas queimadas em setembro de 2010. Avaliou-se também, o potencial de toxidade das cinzas provenientes de áreas do Bioma Cerrado e de uma áreas de pasto por meios de testes ecotoxicológicos com Ceriodaphnia dubia, o peixe Danio rerio e o molusco Biomphalaria globrata. Um vasto grupos de animais (Al, B Ca, Cd, Cr, Cu, Fe, K, Mg Mn, Mo, Ni, P, Pb, S, Sr, V, Ti e Zn) foram determinados e qualificados no solo, nas cinzas e na solubilização das cinzas. A comparação química das áreas apresentou pouca diferença qualitativa, sendo que a quantidade dos elementos químicos foi o aspecto de maior relevância. A composição química das cinzas apresentou valores superiores a composição química do solo, no entanto apenas uma pequena parcela dos compostos são solubilizados. Apesar disso, a presença das cinzas na água elevou os sólidos solúveis totais (STD) e a condutividade elétrica (CE), devido à presença dos sais dissolvidos. Os íons aumentaram o pH e diminuíram o OD na água, alterando, portanto a qualidade da água. Os testes conduzidos em laboratórios indicam que ambientes lênticos podem ser mais sensíveis aos efeitos das cinzas das queimadas em comparação aos ambientes lóticos. Com relação aos efeitos ecotoxicológicos, constataram-se diferenças de toxicidade das cinzas para os organismos estudados. Todas as cinzas apresentam um índice elevado de toxicidade no ensaio de C. dúbia (CL50-48hs: 6,33% (4.83-8.28) cinza de Pasto). Com relação aos ensaios com o D. rerio e com B. glabrata, não foi constatada toxidade para cinzas de Pasto e Torre. As cinzas da Lagoa Bonita (área de transição cerrado sentido restrito para vereda) apresentam toxicidade para D. rerio (CL 50-24hs: 31.50% CL50-48hs: 25.0%) e B.glabrata (CL50-24hs: 50,0%(37.7- 66.4); CL50-48hs: 35.4%). Estes resultados demonstram que as queimadas influenciam a toxicidade às águas superficiais, tornando este ambiente tóxico para a sobrevida de comunidades aquáticas zooplanctônicas, independentemente da fitofisionomia e da paisagem, e enfatizam portanto a necessidade do estudos mais aprofundados para melhor compreender-se a complexidade dos efeitos ecológicos do fogo em comunidades ecológicas.