Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1992 |
Autor(a) principal: |
Freitas, Luiz Antonio Rodrigues de |
Orientador(a): |
Andrade, Zilton de Araújo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/33560
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Resumo: |
No presente trabalho investigou-se o envolvimento da mucosa do intestino delgado na leishmaniose visceral humana, em vinte crianças com calazar. Foram analisados 31 fragmentos de mucosa jujunal obtidos através de biópsia peroral. As alterações morfológicas foram classificadas segundo os critérios de Shenk & Klipstein (1968), modificados por Goldgar & Vanderhoof (1986). Verificou-se a frequência e a intensidade do parasitismo de células da mucosa por leishmânias. As alterações morfológicas foram correlacionadas com a intensidade do parasitismo, e comparadas às observadas em crianças com diarreia crônica associada a desnutrição e/ou giardíase, mas sem leishmaniose. A imuno-marcação pela técnica da imunoperoxidase indireta com soro anti-leishmânia foi usada para a pesquisa de parasitas e seus antigenos. Para a caracterizaçâo das células do infiltrado inflamatório e suas relações com os parasitas, utilizou-se a microscopía eletrônica de transmissão. O estudo revelou que 85% das crianças com calazar tinham leishmânias em macrófagos da mucosa intestinal, e que, em mais da metade destas, o parasitismo era intenso. Os macrófagos densamente parasitados localizavam-se no eixo das vilosidades deformando-as. Houve correlação entre a intensidade deste parasitismo e a intensidade das alterações dos parâmetros morfológicos da mucosa intestinal. A comparação com fragmentos obtidos após tratamento especifico mostrou diminuição das alterações associada a redução da intensidade do parasitismo. A comparação com alterações intestinais de 22 crianças sem calazar mostrou que, sob o ponto de vista quantitativo, não há diferenças entre os dois grupos. Porém, son o ponto de vista qualitativo, a natureza do infiltrado na mucosa com moderado a denso parasitismo é diferente e específico. Nas crianças com pouco ou sem parasitas, a demonstração de poucas leishmânias e/ou de seus antígenos, sugerem uma participação destes na patogênese da enterite. Pela primeira vez descrevem-se os aspectos da patologia ultra-estrutural na enterite por leishmânias. A análise ultra-estrutural sugere que c destruição de macrófagos parasitados pode ser um importante mecanismo leishmanicida na leishmaniose visceral. Nos individuos tratados notou-se um aumento do número de linfócitos nas lesões e a microscopía eletrônica um contacto destas células com os macrófagos lesados, sugerindo participação destas células na lise dos macrófagos. A presença de leishmanias sem macrofágos da mucosa intestinal enquanto já ocorreu um "clearance" de parasitas no baco, e a presença de um paciente resistente ao tratamento e que persistiu com parasitas no intestino, sugerem que a mucosa intestinal pode ser, como a pele em algumas regiões geográficas, um "santuário” destes parasitas. A utilização de biópsia peroral da mucosa intestinal mostrou-se um importante instrumento na investigação do comprometimento intestinal no calazar. A sua utilização permite, não apenas o seu uso como método diagnóstico complementar, mas abre perspectivas para um estudo mais sistemático deste comprometimento intestinal e seu papel no curso e prognóstico da doença, sobretudo em relação a sua relevância na desnutrição associada ao calazar. Além disso, poderá, dada a acessibilidade, permitir a investigação in situ e in vivo de vários aspectos patogenéticos da leishmaniose Visceral. |