Condições sociodemográficas e clínicas relacionadas ao abandono do tratamento da tuberculose no Maranhão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Dalila de Nazaré Vasconcelos dos
Orientador(a): Engstrom, Elyne Montenegro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48797
Resumo: Introdução: A tuberculose (TB) configura se como um grave problema mundial, atingiu milhões de pessoas, é a nona causa de óbito no mundo. Em 2016, ocorreu 6,3 milhões de casos novos no mundo, apresentou taxa de incidência de 42,00 casos por 100 mil hab. no Brasil, taxa de mortalidade de 3,50 óbitos por 100 mil hab. e um percentual de abandono de 10,4% (2015). No Maranhão a taxa de incidência foi 29,29/100 mil hab. (2017), uma taxa de mortalidade de 2,20 /100 mil hab. (2017) e abandono de 11,0% (2015). A literatura aponta condições relacionadas ao indivíduo e ao meio social que interferem no abandono, que devem ser examinadas em distintos contextos. Objetivo: Analisar a associação entre as características sociodemográficas e clínicas relacionadas ao abandono de tratamento da TB no estado do Maranhão no período de 2011 a 2016. Metodologia: Estudo epidemiológico, analítico, de banco de dados secundário, registrados na ficha de notificação e investigação e no Boletim de acompanhamento da tuberculose contidos na base estadual do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Realizada avaliação da qualidade do banco de dados por meio dos atributos de completitude, consistência e duplicidade. Análise descritiva dos dados por meio da série histórica e distribuição espacial da taxa de incidência da TB pulmonar e do percentual de abandono (n=11.568). Utilizou se a análise bivariada e multivariada para verificar e controlar os fatores associados tendo como desfecho o abandono, em relação aos que curaram (n=7.115). Resultados: Houve decréscimo na taxa de incidência de TB pulmonar com distribuição homogênea em todo território estadual, com concentração das maiores taxas de incidência ao norte do estado, no primeiro triênio, já no segundo triênio esta distribuição é mais central, e importante variação geográfica desta taxa, inclusive nos municípios prioritários. O abandono de tratamento da doença apresentou 13,1%, em média. Na análise de associação, considerando o modelo final ajustado, o abandono esteve associado à raça indígena (OR= 2,25; IC95% 1,42 3,49) e a raça/cor negra (OR= 1,67; IC95% 1,33 2,11), o sexo masculino (OR=1,45; IC95% 1,26 1,68), viver com AIDS (OR= 2,06; IC95% 1,66 2,56) e fazer uso do álcool (OR= 2,23; IC95% 1,86 2,65). Discussão: O abandono de tratamento da TBP é um grande desafio a ser enfrentado no estado, pois encontra se três vezes maior do que o valor aceito (5%), bem como uma alta taxa de incidência, o que requer enorme esforço para que esta doença alcance os objetivos mundialmente propostos aliados a macro investimentos na área educacional, saneamento básico, condições de moradia e diminuição da pobreza no estado. Considerações finais: No intuito de minorar a situação da TBP no estado, diversas ações precisam ser implementadas, desde capacitações permanentes aos profissionais da atenção primária de saúde, reestruturação do fluxo de atendimento dos casos suspeitos de TB, implementação do TDO como estratégia para o sucesso do tratamento, readequação do horários de funcionamento para atendimento dos homens, avaliar a assistência prestada aos indígenas, e ainda realizar avaliação regular dos dados da TB contidos no SINAN.