A arte de viajar: erudição e ciência na literatura de viagens sobre Portugal da segunda metade do Século XVIII e início do XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Abdalla, Frederico Tavares de Mello
Orientador(a): Kury, Lorelai Brilhante
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30984
Resumo: A presente pesquisa trata da Literatura de Viagens sobre Portugal, produzida por homens de letras, artes e ciências na segunda metade do século XVIII. Propõe-se, por ora, um olhar descolado de clivagens historiográficas, – que tendem a dividir as viagens em conjuntos como "Viagens Eruditas" e "Viagens Científicas" – procurando pensá-las, mais amplamente, como "Viagens de Conhecimento". A partir de um vasto conjunto documental formado por instruções, cartas, diários, memórias e mais os estudos de caso das viagens de Giuseppe Baretti, Baltasar da Silva Lisboa, James Murphy e Heinrich Link, procura-se analisar alguns procedimentos textuais e intelectuais que conformaram a elaboração de informações, percepções e juízos sobre a paisagem natural e humana do país. Partindo de contextos distintos e com objetivos específicos, todos esses viajantes se propuseram a realizar uma observação verossímil e acurada da realidade. Para isso, exercitaram, em campo, a objetividade e a performance como "escritores" e mobilizaram diversas convenções da tradição da Literatura de Viagens. A essas convenções, por sua vez, Subjazia uma racionalidade que organizava e orientava seus olhares, constituindo o que essa tese denomina epistemologia viática. Os elementos dessa epistemologia viática ultrapassam supostas divisões entre erudição, espírito filosófico e ciência e sua análise permite agrupar casos dificilmente aproximados pela historiografia. Entende-se que essa abordagem seja benéfica, especialmente para a história das ciências, uma vez que permite lançar luz sobre espaços de intersecção do "domínio científico" com suas cercanias. Para a realização dessa análise, propõe-se um itinerário que leve em conta: 1) os condicionantes epistêmicos e culturais que conformaram o olhar e a escrita desses viajantes; 2) os lugares-comuns, as imagens e juízos difundidos pela Literatura de Viagens sobre Portugal; 3) os contextos específicos de produção de cada obra, isto é, os objetivos que motivaram cada viagem e seu registro; 4) os princípios, as formas e os conteúdos elaborados por cada viajante em seus procedimentos de composição.