Desenvolvimento (in)sustentável e desastres: as contribuições da bioética na análise do processo de vulneração socioambiental, tendo como caso de estudo os desastres ocorridos na cidade do Rio de Janeiro em abril de 2010

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Otsuki, Koko
Orientador(a): Schramm, Fermin Roland
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/13147
Resumo: As consequências desastrosas da variabilidade dos fenômenos climáticos em nível local, tal como as chuvas fortes ocorridas na cidade do Rio de Janeiro nos dias 05, 06 e 07 de abril de 2010, representam, sobretudo, um aumento na vulnerabilidade de extratos da população que vivem em locais expostos aos riscos de enchentes e deslizamentos. A suscetibilidade a desastres é apenas mais um dos muitos aspectos da exposição à qual estão expostas essas pessoas que, sob a perspectiva da bioética da proteção, constituem a parcela da população formada, de fato, de vulnerados pelo sistema socioeconômico. A ocorrência deste tipo de desastres, em nível global vem alimentar o debate iniciado na década de 30 do Século XX por pensadores do campo da Ética sobre a necessidade de uma nova ética aplicada para regular as relações dos seres humanos entre si e com outros seres vivos e ecossistemas. O eixo conceitual em torno do qual ocorre a reflexão sobre os modos de produção e de consumo e seus impactos na sociedade e no meio ambiente é o desenvolvimento sustentável, ideal que se contrapõe às formas de crescimento econômico que exaurem os recursos naturais, geram exclusão e inequidade. São abordados nesta tese pontos considerados importantes para a compreensão do conceito de desenvolvimento sustentável, seus desdobramentos e sua evolução, a partir da perspectiva de diferentes autores, incluindo as iniciativas propostas pela ONU à comunidade internacional a partir de 1972, quando ocorreu a primeira Conferência sobre Meio Ambiente em Estocolmo. Surpreendentemente, as ferramentas teóricas, procedimentais e práticas da Ética e da Bioética têm sido ignoradas nesta busca global de soluções para uma crise que tem como um dos seus pontos centrais a aceitação de um sistema de crenças e valores que se baseia na existência de vidas-meio, aquelas que são vulneradas e desconsideradas, para o favorecimento das vidas-fim, que usufruem dos benefícios do crescimento econômico e do desenvolvimento tecnológico. É imperativa a inclusão da perspectiva da Ética e da Bioética nesta discussão, uma vez que estão inscritas no campo da Ética e da Bioética a análise das questões, aqui em jogo, relacionadas aos valores: o valor da vida, da natureza e do ser humano; questões relacionadas ao bem, à equidade, à justiça e aos direitos difusos ou não; as questões relativas à vida humana e a realização de suas potencialidades.