Estudo dos flebotomíneos e da capacidade infectante de cães com leishmaniose visceral tratados com Miltefosina / Alopurinol para Lutzomyia longipalpis em Iguatama

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Souza, Camila Binder Soares de
Orientador(a): Gontijo, Célia Maria Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/60253
Resumo: A leishmaniose visceral é uma doença grave que acomete o homem e outros hospedeiros vertebrados. Os cães são considerados reservatórios do parasito e podem ser uma fonte de infecção para a Lutzomyia longipalpis, principal vetora da Leishmania infantum no Brasil. O município de Iguatama apresenta alta prevalência de cães sororreagentes (7,4%). O objetivo desse estudo foi realizar um estudo dos flebotomíneos no domicílio dos cães tratados para LV com Miltefosina/Alopurinol e a sua capacidade infectante para Lu. longipalpis em Iguatama, Minas Gerais. As coletas entomológicas foram realizadas em quatro campanhas, sendo a primeira um mês antes do tratamento, duas durante e uma ao final do acompanhamento dos cães tratados. Foram utilizadas armadilhas luminosas modelo CDC dispostas por duas noites consecutivas em cada campanha. Foram selecionados 30 cães domiciliados e positivos em pelo menos um teste parasitológico, esses cães foram dividos em dois grupos de acordo com a administração do Alopurinol. O Grupo 1 utilizou o Milteforan e o Alopurinol por 28 dias. Já o Grupo 2 utilizou o Milteforan por 28 dias e o Alopurinol por 12 meses. Após 12 meses de acompanhamento foi realizado o xenodiagnóstico para verificar a capacidade infectante dos cães para a Lu. longipalpis. Foram coletados 762 flebotomíneos, sendo 57,6% dos indivíduos da espécie Lu. longipalpis. A fauna de flebotomíneos no município se mostrou diversa, porém com maior abundância de espécies de importância médica. Foram encontradas 28 fêmeas com presença de DNA de Leishmania sp., com uma taxa de positividade de 12,5%. Verificou-se nas fêmeas com sinal de repasto sanguíneo recente, DNA de Homo sapiens (83,33%), Rattus rattus (8,33%), Gallus Gallus (4,16%) e Canis familiaris (4,16%). Dos 30 cães tratados, 19 chegaram ao final do acompanhamento e a capacidade infectante para Lu. longipalpis foi de 52,6%. Um maior número de cães negativos no xenodiagnóstico foi observado no Grupo 2 (4/10), porém não há diferença estatística em relação ao Grupo 1(6/9), onde os cães foram medicados com o Alopurinol apenas durante os 28 dias de uso do Milteforan. A comparação do score clínico entre os dois grupos evidenciou uma diminuição no score do Grupo 2 em relação ao Grupo 1 (p=0,027). Apesar de observarmos a manutenção ou diminuição do score clínico de 73,7% dos cães tratados, 52,6% deles se mantiveram infectantes para Lu. longipalpis. Os resultados da PCR kDNA da pele dos cães no T12 foi positiva em dois cães, contrastando com os resultados do xenodiagnóstico onde 10 dos 19 cães foram infectantes para Lu. longipalpis. O xenodiagnóstico se mostrou uma ferramenta mais eficiente na detecção da capacidade infectante de cães tratados do que a PCR kDNA. O desenvolvimento de métodos mais eficazes de verificação da infectividade de cães como o aprimoramento de protocolos de tratamento são necessários.