Efeito antinatriorexigênico e ansiolítico da administração intracerebral de carvacrol em ratos: influência das vias serotoninérgicas, adrenérgicas e possíveis áreas cerebrais envolvidas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Polli, Filip de Souza
Orientador(a): Fragoneze, Josmara Bartolomei
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/8695
Resumo: O óleo essencial do orégano apresenta entre seus principais constituintes o carvacrol (70%). O extrato de orégano administrado intraperitonealmente em camundongos inibe a recaptação e a degradação de neurotransmissores monoaminérgicos (dopamina, serotonina e noradrenalina) de modo dose dependente, além de aumentar os níveis de serotonina em diversas áreas cerebrais, e esses efeitos foram atribuídos ao carvacrol. O carvacrol administrado por via oral em camundongos demonstrou significativo aumento em todos os parâmetros observados no teste de ansiedade na cruz elevada. O controle central da ingestão de água e do apetite por sódio é feito por uma complexa rede interativa de circuitos inibitórios e estimulatórios. Sabe-se que tanto a noradrenalina quanto a serotonina participam do controle do apetite por sódio e desconhecem-se os efeitos do carvacrol neste comportamento. O presente estudo teve como objetivo investigar o efeito da administração intracerebroventricular de carvacrol no apetite por sódio, na sede, na ansiedade e na atividade locomotora em ratos, bem como detectar a presença de FOS em áreas cerebrais relacionadas com esses comportamentos através de FOS-IR. Ratos Wistar, machos, pesando entre 230-250g, foram anestesiados e submetidos à canulação estereotáxica do ventrículo lateral (VL). No dia anterior aos experimentos, os ratos receberam injeção de furosemida (20mg/kg; s.c.) e dieta hipossódica. Os animais receberam CVC nas concentrações de 25, 50, 75, 150, 300 μg/5μl ou veículo e o consumo de salina hipertônica e água destilada foram medidos durante 1h. Para testar o envolvimento de vias serotoninérgicas e adrenérgicas, animais receberam pCPA (200 μg/2μl) ou PRA (40, 80 ou 160 nmol) no VL antes das microinjeções de CVC. Para o teste de ingestão de água ratos com privação hídrica de 12 horas antes dos experimentos receberam CVC 25, 50, 75, 150, 300 μg/5μl ou veículo. Um segundo grupo de animais foi submetido ao teste da cruz elevada aos 5 e 30 min após injeção de CVC (150, 300 e 600 μg/5 μl) em sala iluminada com lâmpada vermelha de baixa intensidade luminosa (3,2 lux). O teste durou 5 minutos e foi registrado em vídeo os seguintes parâmetros foram avaliados: número de entradas e tempo de permanência nos braços do aparato. Para detectar a presença de FOS, um terceiro grupo de ratos recebeu CVC 300 μg/5μl ou veículo e foram anestesiados 5 ou 30 min após e submetidos à perfusão transcardíaca de salina fosfato (0,01M) e paraformaldeído (4%). Os cérebros foram removidos, e processados para identificação da expressão de FOS o número de núcleos FOS-IR foi contado através do software “Image-Pro Discovery”. Os dados foram submetidos a um modelo misto de ANOVA two way ou ao Teste t de Student. Carvacrol inibiu o apetite por sódio de modo dose dependente e o bloqueio dos receptores alfa-adrenérgicos atenuou a inibição do apetite por sódio induzido pelo CVC. A depleção serotoninérgica central também atenuou o efeito antinatriorexigênico do CVC. A injeção de CVC no VL não modificou a ingestão hídrica em ratos privados de água por 15h. A administração de CVC nas concentrações de 300 e 600 μg resultaram em efeito ansiolítico. Além disso, o CVC promove aumento da espressão de FOS nas seguintes áreas: núcleo supra-óptico, núcleo supra-quiasmático, hipotálamo ventromedial, hipotálamo dorsomedial, hipotálamo lateral anterior, substância cinzenta periaquedutal nas regiões ventrolateral, dorsal e lateral, núcleos da amígdala medial, central e basolateral, núcleo paraventricular talâmico e núcleo acumbens. Os resultados desse estudo indicam que a administração i.c.v. de CVC resulta em efeito ansiolítico e antinatriorexigênico, este último mediado por vias noradrenérgicas e serotoninérgicas. Demonstraram, ainda, que esses efeitos ocorrem através da ativação neuronal de diversas regiões, principalmente hipotalâmicas, que estão envolvidas com os comportamentos estudados.