À luz do biológico: psiquiatria, neurologia e eugenia nas relações Brasil-Alemanha (1900-1942)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Muñoz, Pedro Felipe Neves de
Orientador(a): Facchinetti, Cristiana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/17721
Resumo: Esta tese de doutorado é uma história transnacional que analisa a rede teuto-brasileira da medicina mental entre 1900 e 1942. Em 1903, Emil Kraepelin se tornou professor catedrático de psiquiatria da Universidade de Munique, onde organizou um programa de pesquisas em laboratório, sem abrir mão da clínica e da psicologia. Com a ajuda de Alois Alzheimer (1864-1915), Kraepelin formou uma equipe de talentosos pesquisadores e tornou Munique um centro de importância internacional. Em 1900, o psiquiatra brasileiro Juliano Moreira retornou da Europa para dar início a uma agenda de trabalho de modernização e internacionalização da psiquiatria brasileira, por meio da qual a escola de Kraepelin foi divulgada. Em 1903, Moreira se tornou diretor do Hospício Nacional de Alienados no Rio de Janeiro, onde formou com Ulysses Vianna uma comunidade psiquiátrica fortemente contectada à ciência alemã. Nesse momento, houve um grande fluxo de médicos, saberes e modelos institucionais entre Brasil e Alemanha. A neuropatologia e a eugenia impulsionaram o intercâmbio dos dois países, em meio ao crescimento do discurso biológico na medicina mental internacional. Apoiando-se nesse discurso, os médicos buscaram mobilizar recursos para modernizar os sistemas nacionais de assistência e de saúde. Nesse contexto, a psiquiatria genética de Ernst Rüdin e a higiene racial alemã representavam a vertente biológica mais radical da medicina mental, caracterizada pela defesa do preventivismo e da gestão dos corpos, da raça e da nação. No Brasil, a psiquiatria genética de Rüdin foi divulgada a partir de 1930 pelo médico Ignacio da Cunha Lopes, sem lograr o mesmo sucesso nas políticas eugênicas junto ao Governo Vargas que os higienistas raciais alemães tiveram no Terceiro Reich. Essas diferenças foram, então, investigadas por meio das ferramentas da História Comparada.