Acompanhamento da parasitemia, dos níveis sorológicos e da evolução clínica de portadores da Doença de Chagas crônica residentes no Mato Grosso do Sul, onze anos após tratamento com benznidazol

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Oliveira, Clara Carolina Silva de
Orientador(a): Britto, Constança Felícia De Paoli de Carvalho, Pereira, José Borges
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/20732
Resumo: A doença de Chagas representa um sério problema para a saúde pública, causando grandes impactos econômicos e sociais. Os estudos referentes à essa patologia apresentam várias lacunas incluindo a necessária identificação de novas terapias mais seletivas (em especial para portadores crônicos) e de ferramentas laboratoriais a serem utilizadas para diagnóstico e monitoramento de falha terapêutica e progressão das patologias clínicas, das quais a mais evidente é a cardiomiopatia chagásica crônica. Nesse contexto, o objetivo desse trabalho foi monitorar no período de 11 anos (1999-2010/2011), a evolução da parasitemia, dos níveis séricos e dos sinais clínicos em pacientes portadores da infecção crônica pelo Trypanosoma cruzi, residentes no Distrito Sanitário de Rio Verde (Mato Grosso do Sul). Para tais fins, realizamos (i) ensaios moleculares de PCR qualitativa e PCR quantitativa (qPCR) para acompanhamento da parasitemia e carga parasitária, (ii) testes sorológicos de imunofluorescência indireta (IFI), ELISA recombinante e hemaglutinação (HAI) para acompanhamento dos níveis séricos de Ig G, (iii) além da avaliação clínica pela anamnese e pelo eletrocardiograma de repouso (ECG) para avaliação da evolução da cardiopatia Na primeira parte do estudo (1999) 110 portadores crônicos de doença de chagas foram recrutados e submetidos aos exames/técnicas mencionados anteriormente. Destes, devido a recusa/contra indicação médica, somente 63 foram tratados por 60 dias com benznidazol (Bz) na dose de 5mg/kg/dia (grupo Bz), restando 47 indivíduos que constituíram o grupo sem terapia (grupo não tratado - NT). Na segunda parte do estudo (2010/2011), após ativo recrutamento desta coorte inicial, 50 portadores consentiram em dar continuidade ao estudo, sendo 28 indivíduos tratados e 22 não tratados. O estudo longitudinal global (n=50) revelou queda de 75% na positividade da parasitemia detectada pela PCR qualitativa. Quando discriminamos esta redução entre os grupos \201Ctratado\201D e \201Cnão tratado\201D não observamos diferenças na evolução da carga parasitária. A quantificação da carga parasitária por qPCR dos indivíduos que mantiveram-se positivos em 2010/11 para PCR convencional também não detectou diferenças entre ambos os grupos (Bz e NT). A avaliação sorológica por IFI mostrou uma redução significativa dos títulos de Ig G anti-T. cruzi no conjunto dos portadores avaliados (n=50) no período, sendo a redução somente significativa no grupo de pacientes tratados pelo Bz Porém, os ensaios de ELISA e de HAI demonstraram aumento dos níveis de Ig G anti-T. cruzi no curso do acompanhamento dos portadores sendo apenas significativo para o grupo tratado com Bz. Com relação a evolução clínica, observamos que a ausência de óbitos em portadores com ECG normal em 1999 foi indicativa de bom prognóstico. Por outro lado, houve menor progressão de cardiopatia no grupo Bz em comparação ao não tratado, indicativo de efeito protetor da terapia etiológica. Nossos dados sugerem que o uso de Bz possa contribuir para inibir/retardar a progressão da cardiopatia crônica induzida pela infecção por T. cruzi resultando em aumento de sobrevida e melhoria da qualidade de vida dos portadores, ainda que os indicadores sorológicos e moleculares aplicados no presente trabalho não tenham revelado a erradicação do parasitismo pelo benznidazol