Jornalistas e fontesuma relação em movimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Tania Regina Neves da
Orientador(a): Lerner, Kátia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/25113
Resumo: A presente tese investiga o processo de constituição das fontes de informação em saúde no jornalismo impresso, buscando compreendê-lo a partir da análise do relacionamento entre fontes e jornalistas e as estratégias por eles empregadas na construção dos sentidos da saúde na mídia. Trata-se de um estudo diacrônico sobre o jornal carioca O Globo, cobrindo um período de 28 anos nas últimas quatro décadas (1987-2015), e que parte de um levantamento dos temas abordados e das fontes presentes na cobertura de saúde em quatro períodos intercalados dentro do recorte. Tais dados orientaram a segunda etapa da pesquisa, que constou de entrevistas temáticas com jornalistas ainda atuantes ou que atuaram em O Globo no período estudado, fontes que pontificaram na cobertura e assessores de imprensa, totalizando 15 entrevistados. O estudo é norteado especialmente pelos conceitos de campo (através da obra de Pierre Bourdieu), medicalização e biomedicalização (seguindo a linha proposta por Peter Conrad, Irving Zola e Adele Clarke) e midiatização (em especial pelo trabalho de Fausto Neto), a partir dos quais se buscou compreender as transformações nas relações entre os atores envolvidos na construção dos discursos sobre a saúde e a própria variação na abordagem dessa temática ao longo do tempo Ao relacionar os elementos trazidos pelos depoimentos com o panorama de mudanças nos processos produtivos da mídia e as marcas presentes no noticiário, a pesquisa constatou que a relação fonte-jornalista se constrói em base de colaboração mútua, mas não pacífica, sendo marcada por conflitos e desconfianças. Entre os principais achados, destacamos que a reconfiguração de forças no cenário midiático tem levado os jornalistas a perderem a primazia discursiva para as fontes, que passam a dominar linguagem, rituais e dispositivos e a falar diretamente com o público. Destacamos, ainda, que a multiplicidade de funções hoje sob responsabilidade do repórter, diante da precarização do trabalho nas redações, tira dele tempo e condições para pesquisar os temas que cobre e descobrir novas fontes de informação, ficando mais vulnerável às ações e proposições das assessorias de imprensa, que passam a ter maior influência no agendamento de fontes e assuntos. Em suma, detectamos transformações nos campos de atuação de jornalistas e fontes que têm levado a mobilidades de seus papeis com consequentes reflexos na construção dos sentidos da saúde na mídia