O fígado na obesidade. Estudo histológico de 100 biópsias de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Gouveia, Mariana Carvalho
Orientador(a): Freitas, Luiz Antonio Rodrigues de, Silva, Tânia Maria Correia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34824
Resumo: Obesidade está relacionada com resistência à insulina. Esta condição associa-se a muitas alterações no fígado, resultando num espectro de lesões que varia de esteatose, vários graus de esteato-hepatite à cirrose. Este estudo objetivou caracterizar clínica e histologicamente 100 pacientes submetidos à biópsia hepática durante cirurgia bariátrica laparoscópica. Resultados mostraram que 69 por cento dos pacientes eram mulheres, 68 por cento estavam abaixo de 45 anos de idade, 85 por cento eram obesos graves, 73 por cento eram dislipidêmicos e 53 por cento, hipertensos. Homens informaram beber mais do que mulheres. Oitenta e sete por cento e 71 por cento dos pacientes apresentaram níveis normais de TGO e TGP, respectivamente. Idade mais avançada representou maior probabilidade de ter DM2 e HAS. Dos 100 pacientes, 77 por cento tiveram diagnóstico de esteato-hepatite, 3 por cento tiveram fibrose avançada (2 casos com fibrose septal e 1 caso com cirrose) e 6 por cento não mostram fibrose. Balonização e fibrose perissinusoidal foram encontradas em 95 por cento dos pacientes, enquanto que esteatose macrovacuolar foi vista em 77 por cento. Em alguns casos observou-se balonização e fibrose, sem esteatose, com ou sem inflamação (22 por cento dos casos sem esteatose e 11 por cento sem inflamação acinar). Este trabalho concluiu que: 1) as lesões hepáticas no contexto da obesidade têm um vasto espectro de apresentação; 2) esteato-hepatite é um diagnóstico freqüente em pacientes obesos; 3) a exigüidade de casos com fibrose avançada pode ser explicada pela faixa etária mais jovem nesta amostra; 4) dislipidemia foi o aspecto clínico mais freqüente na população estudada; 5) níveis normais de transaminases não excluem doença hepática avançada; 6) balonização e fibrose perissinusoidal foram os achados histológicos mais freqüentes nesta amostra, sugerindo que estes eventos biológicos provavelmente ocorram independentes da esteatose; 7) diagnóstico de esteato¬hepatite associou-se com significância estatística a obesidade grave, dislipidemia, DM2 e níveis elevados de TGP; 8) fibrose perissinusoidal associou-se com relevância estatística a inflamação portal e estadiamento. O conjunto dos dados reforça a importância da biópsia hepática na avaliação de pacientes obesos, mesmo quando as enzimas hepáticas são normais.