Citotaxonomia de quirópteros na Amazônia brasileira e filogeografia de espécies potenciais hospedeiras de zoonoses

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Corrêa, Margaret Maria de Oliveira
Orientador(a): Bonvicino, Cibele Rodrigues
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23352
Resumo: Na Amazônia brasileira estão registradas pelo menos 146 espécies de quirópteros, muitas delas importantes hospedeiras de zoonoses. O objetivo deste trabalho foi levantar as principais espécies de quirópteros consideradas hospedeiras de zoonoses no Brasil, e a partir destes dados, realizar análises cariótipicas, filogenéticas e filogeográficas para aumentar o conhecimento sobre os morcegos na região Amazônica. Os espécimes foram coletados na região Amazônica e em outros biomas brasileiros, totalizando 25 localidades. O levantamento bibliográfico mostrou as principais espécies hospedeiras de zoonoses, servindo para direcionar a maior parte das análises para representantes deste grupo. Das nove famílias de Chiroptera encontradas no Brasil, sete apresentaram espécies envolvidas em zoonoses causadas por protozoários, vírus, bactérias e fungos, com Phyllostomidae e Molossidae apresentando relação com várias zoonoses. As espécies com maior número de casos positivos para agentes etiológicos são Artibeus lituratus, Desmodus rotundus e Molossus molossus. Análises citogenéticas com coloração convencional de Giemsa, bandeamentos -GTG, -CBG, Ag-RONs e FISH telomérica foram realizadas em 35 espécies de 12 localidades da Amazônia brasileira, ampliando os estudos cariotípicos de quirópteros nessa região, ainda pouco estudada sob este aspecto. Da família Emballonuridae, apenas uma espécie brasileira havia sido estudada, e da família Mormoopidae foi aqui apresentado pela primeira vez o cariótipo de uma espécie coletada em território brasileiro. Estes estudos permitiram a descrição de três novos cariomorfotipos, um para Rhinophylla pumilio, um para Cormura brevirostris e um para o gênero Saccopteryx. Estas análises corroboraram estudos anteriores mostrando que alguns grupos de quirópteros são bastante conservados cariotipicamente e outros apresentam uma grande variabilidade cromossômica. O sequenciamento dos genes mitocondriais citocromo-b (mt-Cytb) e citocromo oxidase c subunidade I (mt-Co1) permitiu estudar as relações filogenéticas de espécies dos gêneros Artibeus, Carollia, Phyllostomus e Rhinophylla pumilio (Phyllostomidae) e da espécie Cormura brevirostris (Emballonuridae). As profundas linhagens mitocondriais intraespecíficas encontradas em C. Brevirostris entre amostras do Brasil/Equador, Guiana/Suriname e Costa Rica, e a presença de pelo menos três cariomorfotipos ocorrendo no Brasil, Colômbia e Suriname sugerem que este táxon pode ser um complexo de espécies e necessita de estudos taxonômicos adicionais. As análises com Rhinophylla pumilio confimaram a grande variabilidade cariotípica já descrita para a espécie, e as análises filogenéticas, incluindo pela primeira vez amostras do Brasil, sugerem fortemente que os dois marcadores mitocondriais aqui utilizados não são adequados para estas análises no grupo, pois a evolução dos genes mitocondriais parece não acompanhar a rápida evolução cariotípica da espécie. Esta rápida evolução pode estar relacionada a alguns fatores ecológicos desta espécie, tais como, utilização de uma pequena área de vida, realização de pequenos vôos para forrageamento e a formação de pequenos grupos sociais. Os estudos com os gêneros Artibeus e Carollia confirmaram estudos filogenéticos anteriores e os estudos com o gênero Phyllostomus mostraram duas linhagens evolutivas de P. discolor em espécimens do nordeste brasileiro.