Percepções de jovens cariocas sobre ciência e tecnologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Mendes, Ione Maria
Orientador(a): Castelfranchi, Juri
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/40095
Resumo: Este estudo teve por objetivo explorar, aprofundar e contextualizar opiniões e percepções sobre ciência e tecnologia de jovens com idade entre 18 e 24 anos da cidade do Rio de Janeiro (RJ). Os jovens pesquisados para o estudo nasceram nos mesmos anos em que a internet comercial foi se estabelecendo no Brasil, são ativos, possuem acesso à informação e a ferramentas de compartilhamento de informação e hoje estão preparando e/ou iniciando sua trajetória profissional. A partir de uma série de entrevistas em profundidade, seguidas de grupos de discussão, coletamos um rico corpus que permitiu identificar uma percepção contextualizada e crítica da ciência e tecnologia (C&T). Mesmo no interior de uma grande diversidade e desigualdade no acesso ao conhecimento e no repertório de conceitos e fatos, a maioria dos jovens que ouvimos demonstrou ter uma visão ampla sobre ciência, que vai além do mero estereótipo instrumental, o da ciência como mãe da tecnologia. Ressaltam a relação entre conhecimento e o desenvolvimento tecnológico, mas também a função da ciência como produtora de perguntas, conhecimento e visão sobre o mundo. Todos reconhecem os benefícios, riscos, malefícios associados à tecnociência, mas alguns demonstram também uma interessante perspectiva construtivista, ao identificar, na dificuldade em determinar “o que pesa mais”, o papel central do contexto (interesses, cultura, hábitos, relações de poder) em condicionar a trajetória e os efeitos de uma tecnologia. Essa percepção tem implicações diretas na identificação dos responsáveis pelos danos causados pela C&T, no apoio a maiores investimentos na área, na percepção de que a C&T poderia solucionar problemas sociais e na distribuição dos benefícios e malefícios gerados pela aplicação da C&T. Ao lidar com seu próprio acesso ao conhecimento e às práticas da tecnociência, os jovens também nos mostram a complexidade do atual ecossistema de informação: eles não buscam informação, mas dizem que são por ela “encontrados”. O aspecto central de tais fluxos e fragmentos de informação que circulam é sua efemeridade e uma angustiante incerteza: os jovens contam com aparatos da tecnologia da comunicação e informação que facilitam seus cotidianos, que são bem- vindos, mas se perguntam em quem e no que acreditar. Nesse contexto de fake news, de múltiplas fontes, de excesso de informação e escassez de autoridade epistêmica, estabelecer diálogo com esses jovens sobre C&T demanda uma tentativa constante de “encontrá-los” nos seus fluxos, com linguagem e estética dos seus universos culturais e principalmente com credibilidade reconhecida, fruto de processos trabalhosos de construção de confiança.