Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2001 |
Autor(a) principal: |
Gouveia, Giselle Campozana |
Orientador(a): |
Barbosa, Constança Simões,
Brito, Ana Maria de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/31676
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Resumo: |
A pandemia de aids é bastante complexa e é configurada como um verdadeiro mosaico de sub-epidemias, apresentando importantes mudanças na sua dinâmica de expansão e no perfil epidemiológico, desde o aparecimento dos primeiros casos, há aproximadamente duas décadas, em diferentes regiões do mundo. A cidade do Recife, com 1.421.993 habitantes, registrou os primeiros casos de aids em meados dos anos 80 e detém uma das maiores taxas de incidência da doença na região nordeste. Na hipótese de que o avanço da epidemia estaria acompanhado por uma mudança do perfil epidemiológico dos doentes, este estudo analisa a evolução do perfil da população atingida para os períodos de 1985-1988, 1989-1992, 1993-1996 e 1997-2000, segundo características de sexo, escolaridade, categoria de exposição, idade e bairro de residência. Para a identificação de fatores associados às mudanças no perfil da epidemia, procedeu-se a análise de variância (ANOVA) das variáveis selecionadas em relação aos períodos de diagnósticos e elaborou-se mapas temáticos para a análise de tendência espaço-temporal. Os dados usados para construção de taxas e indicadores sociodemográficos foram os casos de aids notificados, e para a construção de mapas temáticos, o mapa da cidade segundo bairro. Dos 2.243 casos estudados, 1802 (80,3%) eram homens e 441 mulheres, apesar de ter-se verificado um aumento progressivo da participação feminina, representado pela diminuição da razão de sexo (M:F) que passa de 21:1, nos primeiros anos da epidemia, para 2,7:1 no período mais recente. A incidência média global foi de 10,68 por 100.000 habitantes, com um aumento de 2 casos por 100.000 hab. no período inicial (1985-1998) para 16 casos por 100.000 hab. no período mais recente (1997-2000). Os mapas mostraram uma expansão dos casos de aids a partir da área central (portuária) e sul (litorânea) para as regiões mais periféricas da cidade. Dos 94 bairros do Recife, 88 (93,6%) já registraram pelo menos um caso de aids, os bairros com as maiores taxas de incidência foram o do Recife (197 casos por 100 mil habitantes), Santo Antônio (43,70 casos por 100 mil habitantes) e Cidade Universitária (45,70 casos por 100 mil habitantes). Apenas os bairros da Jaqueira, Monteiro, Pau Ferro, Torreão, Sancho e Paissandu, não registraram nenhum caso de aids, até 2000. À análise das variáveis selecionadas em relação aos períodos de diagnóstico observou-se uma redução significativa da proporção de casos de média e alta escolaridade, ao longo do tempo (F=28,6; gl=3;1767; p=0,000), em relação aos de baixa escolaridade e analfabetos. Também foi verificada uma redução estatisticamente significante da proporção de casos não-heterossexuais (grupo de casos de homens que fazem sexo com homens, e todas as categorias de transmissão sangüínea) em relação aos casos cuja categoria de exposição fora o contato heterossexual (F=44,5; gl=3;1802; p=0,000) e, da mesma forma, uma redução significativa da participação dos casos do sexo masculino em todos os períodos da epidemia (F=23,8; gl= 3;2239; p=0,000). Por outro lado, embora não tenham sido significantes as diferenças de proporção dos casos com menos de 35 anos quando comparados aos de idade superior ou igual a 35 anos, ao longo da epidemia (F=1,8; gl=3;2237; p=0,139), o teste de Duncan identifica que o período inicial tem heterogeneidade significativa em relação aos demais períodos (p<5%), ou seja, a proporção de casos mais jovens é significativamente maior nos primeiros anos da epidemia. A crescente expansão da aids no Recife, marcada pelos processos da heterossexualização, da feminização, da periferização e da pauperização da epidemia, aponta para a necessidade de adoção de uma política de intervenção pautada em ações focalizadas, prioritariamente, em grupos populacionais de maior vulnerabilidade social e de baixos estratos socioeconômicos. |