Mutações relacionadas com resistência a inseticidas e diversidade de Wolbachia pipientis Hertig e Wobach,1924 em populações de Culex quinquefasciatus Say, 1823 do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lopes, Ramon Pereira
Orientador(a): Martins Júnior, Ademir de Jesus
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/47397
Resumo: Culex quinquefasciatus Say, 1823 (Diptera: Culicidae), vulgarmente conhecido como pernilongo, é um mosquito amplamente distribuído em todo o território brasileiro. Esta espécie antropofílica e naturalmente infectada por Wolbachia é principal vetora de patógenos responsáveis pelo desenvolvimento de doenças como a filariose linfática e a febre do Nilo Ocidental. O manejo ambiental e o uso de inseticidas são as estratégias mais empregadas para diminuir a densidade das populações naturais desse vetor. No entanto, o uso exacerbado desses compostos tem selecionado populações resistentes em todo o mundo, diminuindo a efetividade do controle químico. Embora exista no Brasil um programa governamental bem estruturado de vigilância e monitoramento da resistência a inseticidas em Ae. aegypti, são raros os estudos envolvendo Cx. quinquefasciatus neste sentido, ainda que o controle químico exerça pressão seletiva semelhante sobre estas espécies essencialmente urbanas. O objetivo deste estudo foi avaliar a presença de mutações nos principais genes relacionados com resistência a inseticidas e a diversidade de Wolbachia pipientis em populações brasileiras de Cx. quinquefasciatus. Adicionamente, foi determinado o perfil de suscetibilidade a inseticidas em linhagens de laboratório de Cx. quinquefasciatus por meio de bioensaios padronizados pela OMS. Foi extraído o DNA de Cx. quinquefasciatus de duas linhagens de laboratório e de treze localidades brasileiras, cobrindo as cinco regiões do país, totalizando 744 amostras. A presença de mutações relacionadas à resistência a piretroides, organofosforados e ao biolarvicida Lysinibacillus sphaericus foi investigada por sequenciamento e diferentes métodos de genotipagem baseados em PCR, nos genes do canal de sódio regulado por voltagem (NaV), acetilcolinesterase (ace-1) e Culex quinquefasciatus maltase 1 (cqm-1). Adicionalmente, determinou-se o grupo genético de Wolbachia pipientis naquelas mesmas amostras, baseado em amplificação por PCR dos genes bacterianos wsp e ftsZ. As duas linhagens de laboratórios foram consideradas suscetíveis aos inseticidas temefós e malathion. Foram identificados 14 haplótipos para o gene NaV e 42 para o gene ace-1. A clássica mutação kdr L1014F do NaV foi observada nas populações de Boa Vista (2,2%), Manaus (1,6%), Cáceres (1,9%) e na linhagem JPA (1%). O alelo mutante ace-1 R foi observado na população de Foz do Iguaçu (3,5%). Nenhum dos alelos mutantes cqm1REC e cqm1REC-2 foram observados no gene cqm1. Todas as amostras apresentaram Wolbachia do supergrupo B, exceto alguns indivíduos (0.5%) de Caseara-TO que não estavam infectados pela bactéria. Alguns indivíduos de Recife (14,8%) e Campina Grande (45%) indicam a possibilidade de superinfeção pelos supergrupos A e B. A presença de alelos classicamente relacionados à resistência em populações de Cx. quinquefasciatus de diferentes regiões do país indica fortemente a necessidade de se implementar um programa de monitoramento de resistência a inseticidas para esse vetor. A existência de W. pipientis do supergrupo A em Cx. quinquefasciatus do Brasil surpreende e indica necessidade de maiores estudos neste sentido.