Prevalência de aspergilose pulmonar en um centro de referência para fibrose cística na Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Carneiro, Ana Claudia Costa
Orientador(a): Arruda, Sérgio Marcos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34871
Resumo: A Fibrose Cística (FC) é a doença genética mais comum nos pacientes causasóides. Tem uma apresentação fenotípica muito variável, além de características clínicas e laboratoriais que têm variado muito em seu entendimento nas últimas décadas. A morbi/mortalidade está muito correlacionada às complicações associadas a esta patologia. O objetivo desta dissertação foi estudar características clínicas de prevalência da associação FC e aspergilose, bem como a sua forma de apresentação na população do Centro de Referência de FC da Bahia. No período de novembro de 2003 a março de 2005 foi realizado um estudo transversal no Centro de Referência de FC da Bahia — Hospital Especializado Octavio Mangabeira HEOM/SESAB, onde os pacientes foram avaliados pelo pesquisador principal, respondendo a um questionário padrão específico, e submeteram-se a avaliação clínica, coleta de sangue, coleta de escarro, espirometria e exame radiológico. Foram estudados 74 pacientes, dos, quais 41 (55,4%) eram do gênero masculino e 33 do feminino (44,59%). A cor da pele foi assim distribuída: 41 mulatos (55,4%), 29 brancos (39,2%) e 4 negros (5,4%). A idade de início dos sintomas de FC variou, iniciando na infância em 60 (81,1%) e na idade adulta em 14 (19%). Os motivos que sugeriram o diagnóstico de FC foram sintomas respiratórios isolados em 46 (62,2%), sintomas respiratórios associados a retardo do crescimento em 8 (lO, e sintomas respiratórios mais sintomas digestivos em 19 (25,7%). Os pacientes foram avaliados quanto à possibilidade diagnóstica de aspergilose nas suas diversas apresentações, e aplicou-se um algoritmo para identificação de ABPA; foi atribuída a presença da doença, se preenchidos 2 critérios maiores, em adaptação dos critérios clássicos para a FC, com uso de resposta cutânea imediata ao antígeno do Aspergilius, elevação de IgE sérica acima de 1.000IU/mL, em associação a 2 critérios menores: broncoconstrição, eosinofllia periférica acima de 1.000/uL, história de infiltrados pulmonares, elevação sérica de IgE/IgG específica para A. fumigatus, presença de Aspergiius sp no exame direto do escarro ou cultura e resposta à terapia com esteróides. Em estudos de prevalência de Aspergilose Broncopulmonar Alérgica (ABPA) em outras populações de fibrocísticos, como uma série de 14.210 pacientes com FC, acima de 4 anos de idade, entre 1993 e 1996, estimou-se a prevalência de ABPA, na América do Norte, de 2% em portadores de FC, com variação regional de O, no Sudoeste, a 4 no Oeste. Outro estudo relevante foi o levantamento do registro epidemiológico europeu de FC (ERCF), que compreendeu 12.447 pacientes com FC, envolvendo 224 centros de referência em FC de nove países, e demonstrou uma prevalência de ABPA de 7,8%, variando de 2,1%, na Suécia, a 13,6%, na Bélgica. Concluímos que a prevalência de ABPA na nossa população é de 2,7%, sendo o reconhecimento de tais valores importante para a padronização de investigação diagnóstica de aspergilose em nosso meio, como um fator de controle de evolução prognóstica dos nossos doentes. Durante o estudo, observou-se que 23% dos nossos pacientes apresentavam níveis elevados de IgE sérica, acima de 1.000IU/mL, mesmo sem critérios para diagnóstico de ABPA. Este registro pode ser um importante marcador de risco de se desenvolver futuramente ABPA, conforme estudo que sugere levantamento para atopia, que deve ser realizado com monitorização periódica de IgE total sérica, podendo ser eficiente para selecionar pacientes com FC e possibilitar a evolução para ABPA.