Avaliação de parâmetros clínico-laboratoriais e imunológicos e sua relação com recidiva na leishmaniose visceral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Kuschnir, Renata Caetano
Orientador(a): Cruz, Alda Maria da, Oliveira, Joanna Reis Santos de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43245
Resumo: A leishmaniose visceral (LV) é uma doença grave e potencialmente fatal. O Brasil é um dos países endêmicos, com cerca de 4000 casos notificados em 2017. A diminuição na contagem de linfócitos T CD4+, ativação policlonal de linfócitos B, aumento de LPS plasmático e elevados níveis de citocinas inflamatórias parecem estar envolvidos na imunopatogenia da fase ativa da LV. Além disso, vários marcadores, como níveis elevados de IL-6, IL-8, TNF, IL-1\03B2, CD14 solúvel (sCD14), e imunoglobulinas específicas anti-Leishmania, bem como níveis baixos de leptina já foram associados à LV grave. Entretanto, apesar dos relatos de que as recidivas ocorrem em cerca de 4-5% dos pacientes de LV não associada à infecção pelo HIV, e esplenomegalia, tempo de tratamento e trombocitopenia estarem sendo associados a esse desfecho clínico, pouco se sabe sobre os fatores que são subjacentes às recidivas. Esse estudo teve como objetivo identificar parâmetros laboratoriais e imunológicos associados a recidivas na LV. Para isso, foram acompanhados prospectivamente pacientes com LV ativa recidivantes (R, n=5) e não recidivantes (NR, n=10). Os participantes foram diagnosticados no Hospital Eduardo de Menezes, Belo Horizonte \2013 MG e foram avaliados em três momentos: fase ativa (FA), imediatamente após o tratamento (pós-tto) e seis meses após o tratamento (6mpt). Alguns foram avaliados após 12 meses de tratamento (12mpt). Dez indivíduos sadios, de área endêmica e não endêmica, também foram incluídos como controles. Os dados clínicos foram obtidos dos prontuários médicos Avaliou-se a contagem absoluta de linfócitos T CD4+ e CD8+, dosagem de IgG, IgG1 e IgG3 anti-Leishmania e os níveis plasmáticos de IL-6. Esses dados foram correlacionados às informações clínico-laboratoriais dos respectivos pacientes. A sintomatologia na fase ativa da LV foi similar em ambos os grupos, porém, o grupo NR apresentou marcadores de acometimento orgânico mais pronunciados em relação ao R, como piores níveis de trombocitopenia, elevação de transaminases, hiperbilirrubinemia na FA (p<0,05). Nesta fase, todos os pacientes apresentaram baixas contagens de células T CD4+, contudo, os pacientes NR apresentaram ganho desse tipo celular de forma mais acentuada que pacientes R no pós-tto (p<0,05). Além disso, houve uma redução significativa dos níveis de IgG3 ao longo do acompanhamento no grupo NR em relação ao R, especialmente aos 6mpt (p<0,05). Ademais, os níveis de IgG3 se correlacionaram positivamente com número de episódios de LV aos 6 mpt e negativamente com as contagens de T CD4+ ao longo do acompanhamento clínico. Níveis elevados de IL-6 foram observados na fase ativa da LV de ambos os grupos e se correlacionaram negativamente com o número de linfócitos totais e níveis de albumina (p<0,05). Diante disso, a IgG3 se mostrou como um possível biomarcador de recidivas e a redução de seus níveis séricos parece estar relacionada à remissão clínica da LV. Por fim, a recuperação das contagens de T CD4+ de forma mais pronunciada em pacientes NR indicam que o grau de comprometimento imunológico dos pacientes com LV está associada à ocorrência de recidivas.