Práticas profissionais em saúde da família: expressões de um cotidiano em construção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Gil, Célia Regina Rodrigues
Orientador(a): Escorel, Sarah
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4480
Resumo: Este estudo parte do pressuposto de que a Saúde da Família como política governamental formulada no âmbito do Ministério da Saúde encontrou adesão dos municípios devido aos incentivos que foram criados para sua implementação, tanto os financeiros como os operacionais, que lhe conferem a condição de uma das principais estratégias de mudança do modelo de atenção à saúde. A expansão da Saúde da Família, no entanto, depara-se com um nó crítico presente no processo de descentralização dos serviços no Brasil que é o do perfil dos recursos humanos insuficientemente preparados pelas Instituições de Ensino Superior para atuarem na perspectiva do Sistema Único de Saúde e da conversão do modelo. Com o objetivo de analisar os fatores que impulsionam e restringem o desenvolvimento de novas práticas profissionais a partir dessa estratégia, realizou-se este trabalho selecionando como método de investigação o estudo de caso de caráter descritivo e exploratório, com aplicação de questionários auto-referidos entregues à totalidade de médicos e enfermeiros inseridos nas equipes de Saúde da Família no mínimo há um ano. Após a análise dos mesmos, foram feitas entrevistas abertas com roteiros pré-definidos a alguns profissionais previamente identificados pelo seu tempo e envolvimento com o desenvolvimento da proposta. Paralelamente, foram entrevistados os dirigentes municipais do nível central envolvidos diretamente com a implementação da Saúde da Família. Houve um retorno de 56,4% dos questionários entregues aos médicos e 72,7% dos entregues aos enfermeiros. A partir da análise destes e das entrevistas aos profissionais e aos dirigentes, pode-se evidenciar que o município de Curitiba, selecionado como estudo de caso, tem uma trajetória consolidada e inovadora no campo da gestão pública em saúde. Em se tratando da implementação da Saúde da Família, esta se tem dado de forma gradual porém acompanhada de mecanismos que fortalecimento dos seus pressupostos. Os profissionais que participaram do estudo informam atuar em regime de 40 horas semanais, com práticas generalistas, fazendo atendimentos e coordenando grupos de saúde, com agenda para as reuniões de trabalho em equipe e com mais dedicação ao planejamento local. Os médicos referem a longitudinalidade do cuidado como um fator de satisfação nas práticas, assim como o conhecimento da realidade de vida dos paciente por eles acompanhados. Os enfermeiros informam ter uma agenda muito diversificada de trabalho, com atividades assistenciais, administrativas, de acompanhamento dos auxiliares e agentes comunitários, além dos grupos de educação em saúde. Ambos informam que a formação de vínculo com os indivíduos, famílias e comunidades é o principal aspecto positivo da Saúde da Família. De modo geral, o estudo permite concluir que a Saúde da Família abre espaços para práticas mais inovadoras na saúde e, se houver práticas institucionais voltadas à sua implementação, a sinergia é favorável para a conversão do modelo.