Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Santos, Nágela Cristine Pinheiro |
Orientador(a): |
Theme Filha, Mariza Miranda,
Cunha, Geraldo Marcelo da |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/35290
|
Resumo: |
No Brasil, a assistência ao parto é caracterizada predominantemente por um modelo tecnocrático, iatrogênico e centrado no profissional de saúde. A desconstrução deste modelo passa por um forte movimento social que estimula a prática do cuidado centrada na mulher e baseada nas melhores evidências científicas, além de ampliar o acesso a novas ambiências na assistência ao parto. Neste contexto, os Centros de Parto Normal surgem como modalidade de atenção ao parto de baixo risco, em ambiente peri-hospitalar. O objetivo desta tese é analisar dois modelos de atenção ao parto e práticas assistenciais entre mulheres de baixo risco obstétrico, em relação às intervenções/intercorrências durante o trabalho de parto e parto e suas repercussões nos resultados perinatais. Ela está apresentada sob a forma de dois artigos. O primeiro artigo “Modelos de atenção ao parto e nascimento: comparação de resultados maternos e neonatais entre um Centro de Parto Normal e Hospitais SUS no Brasil”, compara a ocorrência de intervenções e desfechos maternos e neonatais entre as mulheres admitidas em um Centro de Parto Normal (CPN) na cidade de Belo Horizonte, com aquelas cujo atendimento ao parto foi realizado em hospitais que atendem 100% pelo SUS, na região Sudeste, incluídas na Pesquisa Nascer no Brasil. A análise englobou os nascimentos ocorridos entre 2011 e 2012 em ambas as pesquisas. Para estimativa de possível efeito causal do local do parto sobre os desfechos estudados foi utilizado o escore de propensão ajustado pelas covariáveis: idade, raça/cor, paridade, integridade da bolsa amniótica e dilatação do colo uterino no momento da internação. Esta estratégia analítica visa compensar a falta de comparabilidade entre os grupos em estudos observacionais, questão essencial para inferência causal sem viés, utilizando o modelo de respostas contrafatuais. Regressões logísticas foram utilizadas para estimar as razões de chance (OR) e respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%) entre o local de parto (CPN e Hospital) e os desfechos analisados, ponderados pelo escore de propensão. As mulheres que tiveram parto no CPN (n=1561), comparadas com aquelas com parto hospitalar (n=913) apresentaram maior chance de uso de métodos não farmacológico de alívio da dor durante o trabalho de parto (OR = 2,94; IC95%: 2,47-3,49), presença de acompanhante (OR = 90,13; IC95%: 62,92-129,11); e outras posições para o parto (OR=3,19; IC95%: 2,06-4,95). Em contrapartida tiveram menor chance de serem submetidas à episiotomia (OR =0,05; IC95%: 0,04-0,07), uso de ocitocina durante o trabalho de parto (OR= 0,26; IC95%: 0,21-0,31), cesariana (OR = 0,67; IC95%: 0,51-0,87), parto instrumental (OR = 0,53; IC95%: 0,39-0,71) e parto em posição litotômica (OR = 0,003; IC95%: 0,002-0,004). Ocorreu nenhum óbito materno no hospital e CPN. Em relação aos recém-nascidos, os que nasceram no CPN tiveram menor chance de Apgar < 7 no quinto minuto de vida (OR =0,63; IC95%: 0,43-0,92), reanimação na sala de parto (OR = 0,32; IC95%:0,24-0,42), uso de oxigênio (OR =0,32; IC95%: 0,26-0,43) e aspiração de vias aéreas superiores (OR = 0,14; IC95%: 0,12-0,16) e maior chance de ter contato pele a pele com a mãe na primeira hora de vida (OR = 49,66; IC95%:37,59-65,60). Não houve diferenças em relação à admissão em unidade intensiva e infecção neonatal na comparação do CPN com hospital. Ocorreram três óbitos neonatais entre os que nasceram no hospital e nenhum no CPN. O estudo mostra diferenças importantes em relação ao modelo de cuidado ao parto e nascimento, evidenciando uma assistência mais intervencionista e não baseada em boas práticas, entre mulheres e RN que tiveram assistência no hospital comparados com CPN. Estes resultados tornam-se ainda mais relevantes por se tratar de mulheres de baixo risco obstétrico. O segundo artigo “Parto na água: benefícios para mulher de baixo risco e o recém-nascido” compara o uso de procedimentos, intercorrências no parto e pós-parto e desfechos nos recém-nascidos entre as mulheres que realizaram o parto na água em relação àquele cujo parto vaginal foi realizado fora da água. Este estudo utilizou informações coletadas de um Centro de Parto Normal localizado na cidade de Belo Horizonte, MG, no período de 2001 a 2012. Para comparação entre os dois tipos de parto foram incluídas no estudo as mulheres que preenchessem os critérios de elegibilidade para o parto na água, totalizando 6.835 gestantes, das quais 5.934 realizaram o parto fora da água e 901 que realizaram o parto dentro da água. Neste estudo também foi utilizado o escore de propensão e as estimativas dos efeitos causais calculadas pelas razões de chance (OR) e respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%). As mulheres que tiveram parto na água (13,2%), comparadas com aquelas com parto fora da água (86,8%), apresentaram menor chance de serem submetidas a episiotomia (OR 0,05; IC 95%: 0,02-0,12) e à laceração perineal de 3ºgrau (OR =0,49; IC 95%:0,33-0,74). Não houve nenhuma morte materna entre as mulheres do estudo. Os bebês que nasceram na água tiverem menor chance de serem reanimados (OR =0,66; IC 95%: 0,47-0,95), uso de oxigênio inalatório (OR =0,64; IC 95%:0,44-0,93), aspiração de vias aéreas superiores (OR =0,70; IC 95%:0,61-0,82), lavagem gástrica (OR =0,78; IC 95%:0,62-0,99), admissão em UCI (OR =0,66; IC 95%0,49-0,89) e em UTI (OR =0,66; IC 95%:0,46-0,90). Houve apenas um óbito neonatal entre os que nasceram fora da água. Conclusão: O parto na água não aumenta os desfechos adversos maternos e neonatais, apresentando inúmeros benefícios e segurança para mãe e filho. |