Acesso ao tratamento de neoplasia maligna do colo do útero no SUS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Vidal, Maria Luiza Bernardo
Orientador(a): Artmann, Elizabeth
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/27417
Resumo: A neoplasia maligna de colo de útero (NMCU) é a segunda neoplasia feminina mais frequente entre as mulheres e, após o câncer de mama, é a quarta causa de morte por câncer entre as brasileiras. O tratamento é indicado de acordo com o estadiamento, podendo variar entre procedimentos conservadores como a retirada de lesões pré-neoplásicas, até tratamentos complexos como cirurgias, radioterapia, quimioterapia e associações destas modalidades. Pacientes com câncer enfrentam dificuldades para atendimento na rede pública que vão desde a realização do diagnóstico até o acesso ao tratamento, ocasionando diagnósticos tardios. O NMCU tem linha de cuidado bem estabelecida pelo Ministério da Saúde. Há no Estado do Rio de Janeiro estabelecimentos para atenção primária, secundária e terciária equipadas para viabilizar este atendimento. Porém existem limitações que impedem o primeiro atendimento por oncoginecologista ocorra em pacientes com doença em fase inicial. O problema se agrava quando o primeiro atendimento ocorre em estádio considerado avançado. No intento de resolução de questões relacionadas ao fluxo, efetividade e qualidade do acesso ao atendimento ambulatorial e hospitalar, o Ministério da Saúde, as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, determinaram a realização da regulação entre os componentes da rede de atenção à saúde, com definição de fluxos. No entanto, apesar desta regulação, algumas fragilidades são observadas pelos seus usuários na sua operacionalização como disponibilidade de vagas e resolutividade. O objetivo do estudo foi analisar o acesso ao tratamento de mulheres com CCU na rede SUS no Rio de Janeiro. Foi realizado um estudo de caso multicêntrico envolvendo os municípios mais populosos do estado do Rio de Janeiro \2013 Rio de Janeiro, São Gonçalo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Niterói. Foram entrevistadas mulheres com CCU residentes em cada um dos cinco municípios citados, que tiveram primeiro atendimento por oncoginecologista no SUS no Cacon/Inca; gestores das Secretarias de Saúde e atenção primária dos municípios de origem das pacientes; bem como oncoginecologistas que efetuaram primeiro atendimento com as pacientes entrevistadas. Foram coletados dados de prontuário. Das entrevistas com oncologistas, gestores e pacientes constaram questões relacionadas ao processo investigativo de CCU, acesso a linha de cuidado do CCU, dificuldades, causas e necessidades de modificações nesse processo. A entrevista foi realizada face a face para pacientes e oncoginecologistas, ambos em consultório disponibilizado pelo setor de ginecologia do Inca. Gestores de Atenção Básica a Saúde responderam questionário face a face e por e-mail quando a agenda estava indisponível para entrevista presencial. O projeto cumpriu as exigências da resolução 466/12, recebeu aprovação dos Comitês de Ética e Pesquisa Comitê de Ética do Instituto Nacional da saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira, Comitê de Ética do Instituto Nacional do Câncer José Gomes de Alencar da Silva e Comitê de Ética da Prefeitura do Rio de Janeiro. Concluiu-se que o sistema efetivamente não contempla as demandas para iniciar o cuidado precocemente. O acesso aos serviços para muitas se configura em \201Cperegrinação\201D, caracterizada por idas e vindas, que atrasam o diagnóstico e consequentemente o início do tratamento. De acordo com os resultados, existe fragilidade que é pontuada pelas participantes do estudo em todos os níveis do sistema. Em seus princípios o SUS aponta a universalidade, integralidade e equidade direcionando a política e reafirmando que a Saúde é direito de todos e dever do Estado. Os nós críticos do acesso em ordem de importância para que o acesso ao tratamento de NMCU ocorra em estadiamento inicial foram \201CBaixa qualidade do processo diagnóstico\201D, \201CDesorganização par cial do fluxo de acesso\201D e \201CBaixa adesão ao preventivo\201D. Os resultados deste estudo mostram que ainda há muito a se fazer para garantir o direito ao atendimento em toda a linha de cuidado e de forma adequada e em tempo hábil para evitar as formas graves do CCU.