Desigualdades intraurbanas de leptospirose no Recife

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Oliveira, Denise Santos Correia
Orientador(a): Medeiros, Zulma Maria de, Guimarães, Maria José Bezerra
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/60958
Resumo: A leptospirose é uma doença considerada negligenciada. Para o Recife, foi analisada a relaçãoentre fatores socioambientais e do reservatório com a ocorrência da leptospirose, entre 2001 e2005, visando identificar as desigualdades intraurbanas e a concentração espacial da doença.Elaborou-se um modelo teórico sobre a determinação da doença, que sistematizou as variáveisanalisadas no estudo ecológico desenvolvido. Dados sobre os casos de leptospirose, renda,educação, densidade demográfica, tipo de habitação, hidrografia, esgotamento sanitário,destino do lixo e roedores foram utilizados. Teve-se como fonte, o Sistema de Informação deAgravos de Notificação, o Censo Demográfico 2000, imagens de satélite e o Programa deSaúde Ambiental do Recife. Para as 18 microrregiões da cidade, a relação entre a taxa deincidência da doença e 14 variáveis independentes foi testada por meio de correlação eregressão linear. Utilizando-se análise fatorial, construiu-se um indicador composto pelasvariáveis renda, destino do lixo e rede de drenagem para os 94 bairros, que foram agrupados(cluster k-means) em três estratos de risco socioambiental, para os quais a leptospirose foidescrita e sua desigualdade mensurada (razão de taxas e excesso de casos e óbitos). Com ogeorreferenciamento dos casos, implementou-se o estimador de densidade kernel. Nasmicrorregiões, a taxa de incidência da leptospirose correlacionou-se com as variáveis renda,educação, tipo de habitação, esgotamento sanitário, lixo e hidrografia (p<0,05) em que aproporção de responsáveis pelos domicílios com renda mensal menor ou igual a um saláriomínimo e a proporção de domicílios com destino do lixo para caçamba, terreno baldio, lago,rio ou mar explicaram 60% das diferenças observadas no risco da doença (p=0,017). As taxasde incidência e de mortalidade por leptospirose apresentaram gradiente crescente com oaumento do risco socioambiental, sendo três vezes maior no estrato de alto em relação ao debaixo risco (p<0,05). Cerca de 50% dos casos e 59% dos óbitos deixariam de ocorrer se ascondições sócio-ambientais de toda a cidade fossem semelhantes às do estrato de baixo risco.Identificaram-se áreas de concentração espacial de casos nas regiões norte, noroeste e centralda cidade, localizadas, em sua maioria, nos bairros de alto risco socioambiental. A evidênciade desigualdades intraurbanas de leptospirose reforça a necessidade de políticas voltadas àredução das iniquidades em saúde e contribui para escolha de áreas prioritárias deintervenção