Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Bero, Diocreciano Matias |
Orientador(a): |
Silva, Edson Elias da,
Razão de Deus, Nilsa Olivia |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/47376
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Resumo: |
Os enterovírus (EV) são vírus de transmissão predominantemente entérica, presentes em todas as partes do mundo e são agentes etiológicos de infecções que variam de casos assintomáticos a casos de gastroenterite aguda (GA) e infecções no sistema nervoso central. Devido aos diferentes rumos que as infecções por esses microrganismos podem tomar no organismo, as vigilâncias epidemiológica e ambiental dos EV são importantes ferramentas para definição de políticas públicas de prevenção e controle. O objetivo deste estudo foi detectar e caracterizar EV em amostras clínicas e ambientais coletadas em Moçambique entre 2014 e 2018. Foram realizados dois estudos, um em casos de diarreia e outro em aguas de esgoto. No estudo de casos de diarreia, 327 amostras de fezes de crianças menores de cinco anos, internadas com GA entre junho de 2014 e março de 2018 em unidades de saúde das províncias de Maputo, Nampula, Sofala e Zambézia foram estudadas. As amostras foram testadas por RT-PCR em tempo real, inoculadas em cultivo celular (RD e HEp2C) e os tipos de EV foram identificados por sequenciamento nucleotídico. A frequência dos EV detectados foi de 15,9% (52/327) das amostras. A faixa etária dos 12 a 23 meses foi a mais afetada (p<0,045). Verificou-se maior positividade para aos enterovirus nas amostras com resultados negativos para outros agentes entéricos da GA (p<0,011). A espécie Enterovírus B foi a mais prevalente (40,4%), seguida das espécies C (32,7%) e A (26,9%). Vinte e seis tipos de enterovírus foram detectados, sendo EV-A119 e EV-C99 os mais frequentes (17,3% e 15,4%, respetivamente). O quadro de GA por enterovírus mostrou-se severo, principalmente na faixa dos 12 a 23 meses, apresentando maior período de duração dos sintomas e tempo de hospitalização. Co-detecção entre enterovírus e outros patógenos entéricos foram observadas em 17.3% (9/52) dos casos. A temperatura apresentou correlação positiva com a infecção por enterovírus (p<0,006). Para o estudo ambiental, amostras de esgoto bruto foram coletadas na cidade de Maputo, Moçambique, entre janeiro e novembro de 2018. As amostras foram concentradas pelo método de absorção de sílica e os concentrados inoculados nas linhagens celulares RD e L20B para isolamento viral e posterior RT-PCR e sequenciamento. Das 63 amostras analisadas, 25 (39,7%) foram positivas para enterovírus, com alta frequência da espécie Enterovírus B (96%). Coxsackievirus B3 e Echovirus 11 foram os tipos mais frequentes (64%). A análise filogenética das amostras ambientais revelou que os isolados deste estudo estavam intimamente relacionados a cepas associadas a doenças neurológicas. De uma maneira geral, este estudo identificou uma grande variedade de enterovírus, inclusive de espécies incomuns, nos dois tipos de amostras estudadas de Moçambique. Os resultados reforçam a associação de EV a casos de GA e a indicação da vigilância ambiental como uma ferramenta valiosa para monitorar a circulação silenciosa e o surgimento ou ressurgimento de EVs, fornecendo informações relevantes no contexto da erradicação da poliomielite. |