Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Fernandes, Herbert José |
Orientador(a): |
Cota, Gláucia Fernandes |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/35337
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Resumo: |
INTRODUÇÃO: A leishmaniose cutânea é a principal forma de acometimento da leishmaniose tegumentar. Trata-se de doença negligenciada de transmissão vetorial associada à elevada morbidade, o que se relaciona à doença em si como ao tratamento disponível, embasado por frágil evidência científica e relacionado à alta toxicidade, o que se aplica principalmente aos compostos antimoniais de uso sistêmico. A terapia baseada na infiltração intralesional de antimônio tem revelado eficácia equivalente à observada com o tratamento por via parenteral, no entanto, faltam dados robustos de segurança que permitam recomendações assertivas sobre a monitorização indicada durante o uso dessa modalidade terapêutica. OBJETIVO: Avaliar o perfil de segurança da terapia para leishmaniose cutânea baseada na infiltração intralesional de antimioniato de meglumina. MÉTODOS: Estudo clínico, fase II, não controlado, unicêntrico. Foram avaliados 53 pacientes com leishmaniose cutânea localizada tratados por infiltração intralesional de antimoniato de meglumina entre agosto de 2015 e janeiro de 2017. O esquema terapêutico baseou-se em, no máximo, oito infiltrações semanais, utilizando técnica previamente padronizada e os eventos adversos foram ativamente monitorados semanalmente, enquanto durava o tratamento e, depois, aos 3, 6 e 12 meses do início do tratamento. Dosagens seriadas da concentração plasmática de antimônio foram realizadas nas primeiras horas após a primeira infiltração de antimônio e, depois, semanalmente, antes de cada infiltração. Foram avaliados, além da incidência de eventos adversos clínicos locais e sistêmicos, laboratoriais e eletrocardiográficos, também sua intensidade, gravidade e relação causal com o tratamento administrado. RESULTADOS: A população estudada tinha predominância de homens (60%), adultos jovens (43,7±17,1 anos) e com lesão cutânea única (86,6%). Em média os pacientes receberam 6±2 infiltrações, com volume total infiltrado de 27,3±17,1 ml. No geral, 86,9% dos pacientes apresentaram ao menos um evento adverso clínico. Os eventos locais foram os mais frequentes (83%) (prurido, edema e dor local), seguidos pelos sistêmicos (47,3%) (mialgia, artralgia e cefaleia). Alterações laboratoriais ocorreram em 32% dos casos e, eletrocardiográficas, em 64,1%. Exceto por dois pacientes que apresentaram reação de hipersensibilidade e um paciente com prolongamento de QTc de intensidade grau 3, todos os eventos identificados foram leves a moderados, não demandando nenhuma intervenção clínica. Foram identificados alguns fatores associados à ocorrência de eventos adversos durante o tratamento, a saber: tabagismo se mostrou estatisticamente associado com a ocorrência de prolongamento do intervalo QTc, homens apresentaram risco aumentado em relação às mulheres de desenvolverem bradicardia e a presença de hipertensão arterial se mostrou associada à ocorrência de eventos adversos clínicos. A curva de distribuição plasmática de antimônio nas primeiras 6 horas após a infiltração foi similar à descrita com a administração intramuscular do medicamento, sendo que a maior parte dos pacientes não apresentava antimônio detectável nas dosagens semanais ao longo do tratamento. Nenhuma associação foi observada entre a concentração plasmática de antimônio e a ocorrência de eventos adversos, nesta amostra. CONCLUSÕES: No geral, o tratamento por infiltração intralesional de antimoniato de meglumina foi bem tolerado, predominando eventos adversos de intensidade leve a moderada no local da infiltração, com taxa de ocorrência estável ao longo do tratamento. A ocorrência de eventos adversos à distância e a documentação da eficiente absorção sistêmica de antimônio propiciada pela via subcutânea alertam para os mesmos riscos de toxicidade hepática, pancreática e cardíaca já descritos com o tratamento por via parenteral, sugerindo que o principal fator determinante da segurança da abordagem seja o uso de menores volumes de medicamento e não a via de administração. |