Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Nobre, Mauricio Lisboa |
Orientador(a): |
Sarno, Euzenir Nunes,
Jerônimo, Selma Maria Bezerra |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/18794
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Resumo: |
A hanseníase é um importante problema de saúde pública no mundo com 213.899 casos novos notificados em 2014. No Brasil foram diagnosticados 31.064 casos, com diferentes níveis de endemicidade entre os estados. O Rio Grande do Norte apresenta um dos menores coeficientes de detecção de casos novos (CDCN) da doença no país, com 7,98 casos por 100.000 habitantes em 2014. Apesar disso, em alguns municípios do Estado esse coeficiente é hiperendêmico, como em Mossoró/RN onde este estudo foi realizado. Com o objetivo de executar estratégias para interromper a transmissão do Mycobacterium leprae, realizou-se o mapeamento dos coeficientes de detecção da doença por bairros do município, observando que a endemia é mais frequente em áreas de rápida urbanização e precárias condições de moradia. Duas dessas áreas foram selecionadas para atividades de controle. Em uma delas realizou-se exame de escolares para detectar casos novos da doença e para identificar suas possíveis fontes de infecção. Na outra, realizou-se sorologia para hanseníase em idosos com o objetivo de detectar casos multibacilares (MB) da doença. Em oito escolas 1.385 crianças foram examinadas e 18 novos casos de hanseníase paucibacilar (PB) foram detectados (1,3%). Foram realizadas visitas domiciliares e 160 comunicantes desses casos foram examinados, resultando no diagnóstico de outros seis casos da doença (3,75%). Entre 145 professores e funcionários das escolas nenhum caso foi diagnosticado, mostrando que os contatos sociais não desempenharam papel importante como fonte de infecção para esses escolares. Nove dos comunicantes com hanseníase MB atual ou pregressa foram considerados possíveis fontes de infecção pelo M. leprae; em três desses casos a família das crianças não tinha conhecimento do diagnóstico do contato Na segunda estratégia realizou-se pesquisa de anticorpos contra o bacilo de Hansen em 504 idosos e dois novos casos de hanseníase MB foram detectados, um deles sem qualquer sinal clínico evidente. Essa estratégia mostrou-se importante pela elevada taxa de detecção de casos MB entre homens idosos (1%). Adicionalmente, os dados de 541.090 casos de hanseníase notificados no Brasil entre 2001-2013 foram analisados, mostrando que o CDCN por faixa etária é influenciado pelos casos MB no sexo masculino. Observou-se que o CDCN da hanseníase MB em homens eleva-se rapidamente após 19 anos de idade atingindo um pico de 44,8/100.000 habitantes entre 65-69 anos. A razão de chances para hanseníase MB foi duas vezes maior para homens em comparação às mulheres, observando-se o mesmo para doentes com 60 ou mais anos de idade comparados aos mais jovens. O estudo demonstrou ainda que a carga bacilar em 2.253 casos diagnosticados na Fiocruz (Rio de Janeiro/RJ) foi significativamente maior em homens do que em mulheres. Esses achados são relevantes e sugerem que estratégias específicas devam ser adotadas para detectar e tratar casos de hanseníase MB nesses grupos populacionais, reduzindo a transmissão da doença. Conclui-se que a busca de casos MB é essencial para interromper a infecção pelo M. leprae na comunidade, mas que esse objetivo não será atingido sem a adoção de políticas públicas que promovam educação em saúde e melhores condições de habitação |