Avaliação da resposta terapêutica de um isolado murino de Schistosoma mansoni ao praziquantel: uma abordagem morfológica e biológica.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Silva, Michele Costa da
Orientador(a): Júnior, Arnaldo Maldonado
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Oswaldo Cruz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6929
Resumo: O munícipio de Sumidouro é localizado na região serrana do estado do Rio de Janeiro, onde a infecção por Schistosoma mansoni tem sido descrita em humanos e em roedores silvestres. A população humana vem sendo submetida a sucessivos programas de controle desde a década de 1950. Vários estudos indicam que o rato d’água (Nectomys squamipes) é um reservatório natural de S. mansoni, a sua presença em localidades endêmicas, pode prejudicar os programas de controle da esquistossomose. Em condições de laboratório, vermes adultos de S. mansoni apresentam plasticidade fenotípica induzida por modificações no microambiente do parasita, principalmente durante a primeira passagem em condições de laboratório. Em nosso estudo, avaliamos o efeito do praziquantel (PZQ) no isolado R, isolado de N. squamipes naturalmente infectados, provenientes de Sumidouro, utilizando parâmetros parasitológicos e morfológicos. Os parâmetros parasitológicos (ovos eliminados nas fezes, a redução de vermes adultos e o oograma) foram utilizados para avaliar os efeitos do PZQ no isolado R de S. mansoni. Utilizamos também, um isolado de laboratório (isolado BH) como controle. Camundongos infectados com 50 cercárias foram tratados por via oral com PZQ nas seguintes dosagens: 62,5mg/kg (grupo 1), 125mg/kg (grupo 2), 250mg/kg (grupo 3) e 500mg/kg (grupo 4). Cada dose foi dividida em 3 dias (49, 50 e 51 dias pós-infecção). Os dados foram analisados usando o teste estatístico ANOVA. Nos experimentos com o isolado R, não foram observados ovos nas fezes com as doses 250mg/kg e 500mg/kg (p<0,05), enquanto a excreção em BH chegou à zero com todas as doses. A redução da carga parasitária foi significativamente maior (p<0,05) nas duas concentrações maiores testadas de PZQ, independente do isolado. Com 62,5mg/kg, a porcentagem de ovos imaturos variou de 17% (isolado R) à 38% (isolado BH). Na dosagem de 125mg/kg, a porcentagem de ovos imaturos variou de 20% (isolado R) à 16% (isolado BH). Com 250mg/kg, a contagem de ovos imaturos caiu significativamente à 1% (isolado R) e à 4% (isolado BH). Com 500mg/kg, não foram encontrados ovos imaturos no isolado R, enquanto que em BH o valor era de 8%. Nenhuma dosagem afetou, significativamente (p>0,05), a porcentagem de ovos maduros, independente do isolado. Todos os grupos tratados apresentaram um grande aumento na quantidade de ovos mortos, com diferenças significativas (p<0,001) de 62% e 64% nos grupos 3 e 4, respectivamente (isolado R). A porcentagem de ovos mortos subiu de 34% (grupo 1) para 58% (grupo 3) no isolado BH. Embora o grupo 4 tenha mostrado um pequeno aumento na porcentagem de ovos mortos (46%), foi significativamente maior (p<0,001) comparado com os 8% do controle. Os helmintos machos do isolado R (grupos 3 e 4) apresentaram diminuição dos tubérculos. Dos espécimes fêmeas analisados do isolado R, 44% (grupo 3) não apresentaram ovo. O isolado BH, também apresentou diminuição de tubérculos nos helmintos machos (grupos 3 e 4). Os lobos testiculares dos vermes dos grupos tratados apresentaram área e comprimento menor em relação aos helmintos recuperados de camundongos não tratados. Os nossos dados demonstram que o isolado silvestre testado é susceptível ao PZQ.