A ciência e seus fins: internacionalismo, universalismo e autonomia na trajetória do fisiologista Miguel Ozório de Almeida (1890-1953)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Souza, Letícia Pumar Alves de
Orientador(a): Kropf, Simone Petraglia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/17749
Resumo: Esta tese analisa a ideia de universalismo científico como uma categoria dinâmica, que é mobilizada nas ações dos cientistas em distintos momentos e espaços. Analiso a trajetória de Ozório de Almeida enquanto membro da elite intelectual e econômica do Rio de Janeiro num período de grandes mudanças na estrutura educacional, política e econômica do Brasil e enquanto cientista de um país que ocupava certo posicionamento marginal na comunidade internacional. Na primeira parte da tese, abordo sua atuação no laboratório particular de fisiologia experimental e seu engajamento na criação de espaços institucionais de valorização da ciência no país, como na Academia Brasileira de Ciência. Além disso, analiso os seus estudos epistemológicos e os associo aos seus trabalhos fisiológicos, demonstrando a forma como ele compreendia o uso de teorias e de modelos matemáticos na biologia. Na segunda parte da tese, analiso os valores morais dos cientistas preconizados por Ozório de Almeida e argumento que, para ele, a ideia de liberdade e autonomia diante de qualquer autoridade, nacional ou internacional, política ou intelectual, apresentava-se como um elemento essencial da atividade científica. Assim, defendo que o projeto internacionalista de cooperação intelectual da Liga das Nações foi usado como palco para as críticas de Ozório de Almeida ao autoritarismo do governo Vargas. Dessa forma, parto da ideia de que falar sobre práticas científicas pressupõe também falar sobre visões de mundo e propostas de intervenção social. Portanto, analiso o conceito de universalidade do conhecimento e a ideia de internacionalismo científico não como categorias estáticas (e constitutivas de uma essência do fazer científico), mas como categorias mutáveis e criadoras, que são mobilizadas nas ações dos indivíduos em determinados momentos e sob condições específicas.