Caracterização ecoepidemiológica da Leishmaniose Visceral Americana no Município de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Born, Lucas Corrêa
Orientador(a): Rangel, Elizabeth Ferreira, Afonso, Margarete Martins dos Santos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57871
Resumo: A Leishmaniose Visceral Americana (LVA) é uma zoonose emergente no Rio Grande do Sul. A vigilância de vetores e reservatórios caninos são essenciais para a caracterização epidemiológica de uma localidade. Devido aos casos caninos autóctones, o município de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, é considerado área de transmissão, apesar da ausência de casos humanos e não detecção das principais espécies vetoras: Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. Este trabalho teve como objetivo caracterizar a ecoepidemiologia da LVA em Santa Cruz do Sul, através de um estudo entomológico e do monitoramento de casos caninos, visando contribuir para vigilância em saúde do estado. Foram selecionados cinco domicílios, considerados local provável de infecção de casos caninos. Em um raio de até 50 m destes, foram definidas as estações de monitoramento, nas quais foi instalada uma armadilha de isca luminosa HP, no peridomicílio ou em locais propícios ao vetor. As capturas foram realizadas mensalmente, por três noites consecutivas, entre janeiro e dezembro de 2020. Adicionalmente, foram realizadas, mensalmente, capturas com Armadilha de Shannon e capturas manuais com aspiradores de Castro. Os flebotomíneos foram identificados e descritos por abundância e frequência mensal, sendo os resultados correlacionados com dados climáticos. As fêmeas foram submetidas ao diagnóstico de Leishmania sp. e pesquisa de conteúdo alimentar através de técnicas moleculares. Os casos caninos notificados foram monitorados quanto ao número e localização. Foram capturados 381 flebotomíneos pertencentes a seis gêneros. As espécies encontradas foram: Brumptomyia cunhai, Brumptomyia nitzulescui, Evandromyia edwardsi, Evandromyia gaucha, Martinsmyia alphabetica, Migonemyia migonei, Pintomyia fischeri, Psathyromyia lanei, Psathyromyia pascalei. As espécies de importância médica capturadas em maior número foram o Mg. migonei e Pi. fischeri. Estas espécies foram capturadas em todas as estações de monitoramento e em todos os meses, com exceção de julho e setembro, em que nenhum flebotomíneo foi capturado. Não foi encontrado DNA de Leishmania sp. nas fêmeas analisadas. A pesquisa de conteúdo alimentar, realizada em oito fêmeas, revelou DNA da espécie Gallus gallus em um exemplar de Pi. fischeri. Durante o período do estudo foram diagnosticados 28 casos caninos, todos na área urbana do município. Os resultados sugerem que a transmissão entre cães na área urbana de Santa Cruz do Sul ocorre na ausência de Lu. longipalpis e Lu. cruzi. As espécies Mg. migonei e Pi. fischeri parecem ser os vetores responsáveis pela transmissão. Ressalta-se a necessidade de revisão das estratégias de vigilância e controle da LVA no estado e no Brasil