Percepções sobre o uso da profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) e possível compensação de risco entre homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transexuais (TRANS) potencialmente elegíveis para o uso de PrEP no estudo PrEP Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Villela, Larissa Melo
Orientador(a): De Boni, Raquel Brandini, Santos, Valdiléa Gonçalves Veloso dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/37310
Resumo: No Brasil, a epidemia de HIV está concentrada entre populações-chave, incluindo homens que fazem sexo com homens (HSH), com uma prevalência estimada de 14,2% e mulheres transgênero (TRANS) para quem a chance ou infecção por HIV é 50 vezes maior do que na população em geral. Assim, estratégias de prevenção intensivas, incluindo profilaxia préexposição (PrEP) estão sendo oferecidas a estas populações no sentido de atingir o objetivo 90-90-90 da UNAIDS. A PrEP é uma estratégia de prevenção biomédica baseada no uso de medicamentos antirretrovirais (ARV) cuja eficácia foi demonstrada entre diversas populações. Apesar da alta aceitação e adesão a PrEP que vem sendo observadas em estudos de demonstração, persistem ainda questões sobre possíveis efeitos negativos da PrEP, como resistência a ARV, risco de toxicidade renal, uso de PrEP por pessoas com hepatite viral e compensação de risco. Além disso, à medida que a disponibilidade da PrEP aumenta, as atitudes e crenças sobre a PrEP devem ser melhor compreendidas para direcionar intervenções específicas às barreiras individuais e interpessoais que podem afetar a aceitação e a persistência da PrEP. Assim, esta dissertação tem como objetivo avançar no entendimento de possível compensação de risco, atitudes e crenças entre potenciais usuários de PrEP, visto que esta foi implementada sem custo no Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de análise secundária dos dados do estudo PrEP Brasil e é apresentada em formato de artigo. O artigo apresenta uma análise transversal descrevendo prevalência de possível compensação de risco, percepções e crenças sobre o uso de PrEP entre 723 HSH e TRANS incluídos na fase de prétriagem do estudo PrEP Brasil A possível compensação de risco foi avaliada pela questão "Eu deixaria de usar preservativos se eu usasse PrEP" e foi relatada por 31,5% dos indivíduos. No modelo multivariado, os fatores que aumentaram a chance de possível compensação de risco foram: cor branca vs. preta (AOR= 2,05; IC95%: 1,09 - 3,85), perceber alta chance de contrair o HIV nos próximos 12 meses (AOR= 1,78; IC95%: 1,23 -2,56), referir que teria menos medo da infecção pelo HIV se usasse a PrEP (AOR= 1,93; IC95%: 1,19-3,14), sentirse livre para ter mais parceiros se usasse a PrEP (AOR= 2,93 ; IC95%: 1,92- 4,49) e acreditar que os amigos mais próximos usariam a PrEP (AOR= 2,51; IC95%: 1,1- 5,71). Por outro lado, o interesse no uso de preservativo e ter realizado teste para o HIV nos 12 meses anteriores, diminuíram as chances de possível compensação de risco. (AOR= 0,22; IC95%: 0,15- 0,33 e AOR= 0,63; IC95%: 0,4- 0,98, respectivamente). A prevalência de possível compensação de risco é similar a outros estudos que avaliaram a possível compensação de risco, e os fatores associados sugerem que os participantes percebem seu alto risco de infecção pelo HIV, possivelmente por já não utilizar preservativo e se sentiriam mais otimistas em relação ao comportamento sexual com o uso de PrEP. É discutida a necessidade de vigilância epidemiológica no sentido de monitorar a compensação de risco nos contextos reais de assistência à saúde.