Avaliação cardiológica de recém natos e lactentes com exposição vertical ao zika vírus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Orofino, Dulce Helena Gonçalves
Orientador(a): Passos, Sônia Regina Lambert, Oliveira, Raquel de Vasconcellos Carvalhaes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48561
Resumo: Introdução: O vírus Zika (ZIKV) foi identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015. No final desse mesmo ano foi constatado um aumento do número de notificações de recém natos portadores de microcefalia, inicialmente no Nordeste brasileiro e, em seguida, em todas as regiões do Brasil. Em fevereiro de 2016 foi encontrado material genético do ZIKV no sistema nervoso central (SNC) de um natimorto com microcefalia nascido de mãe que relatava infecção provável pelo ZIKV na gestação. A partir daquele momento, foram também descritas nos recém natos expostos verticalmente ao ZIKV, alterações específicas de SNC, alterações oftalmológicas e ortopédicas que passaram a se chamar Síndrome da Zika Congênita (SZC). Objetivo: Descrever a presença de alterações cardiológicas em uma amostra de recém natos e lactentes expostos verticalmente ao ZIKV através da realização de ecocardiograma (ECO) e Holter de 24 horas e avaliar a confiabilidade das medidas cavitárias e fração de ejeção do ventrículo esquerdo através do ECO realizado por duplas de cardiopediatras. Método: Estudo observacional descritivo de alterações ao ECO de 120 neonatos e lactentes nascidos entre novembro de 2015 e janeiro de 2017 com exposição vertical confirmada ao ZIKV, acompanhados no Instituto Fernandes Figueira (IFF) da Fiocruz. O ECO foi realizado por três cardiopediatras com aparelho Siemens Acuson X 300. A confirmação de exposição vertical ao ZIKV foi realizada pela reação em cadeia da polimerase (PCR) positiva no sangue ou líquido amniótico da gestante e/ou no líquor ou urina do recém nato. Para o estudo de confiabilidade foram selecionados aleatoriamente 50 bebês nos quais o ECO foi realizado em dois momentos, com intervalo máximo de 15 dias por dois especialistas independentes. Foram calculados Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC) e obtidos os gráficos de Bland-Altman das medidas cavitárias e da fração de ejeção. Para o estudo do Holter de 24 horas foram selecionados pacientes cujos responsáveis aceitaram participar do estudo e os exames foram analisados por dois cardiologistas especializados nesse método. O Holter avaliou a presença de arritmias além de descrever medidas de variabilidade de frequência cardíaca (VFC). Foi utilizado o teste de Mann Whitney para avaliar associação entre alterações ao Holter e as seguintes características da amostra: sexo, presença de SZC, microcefalia grave, ter nascido prematuro (PT) ou pequeno para idade gestacional (PIG), ter tido sofrimento fetal. Resultados: O estudo de avaliação ecocardiográfica mostrou que há uma prevalência 10 vezes maior de cardiopatias congênitas nessa amostra quando comparada à população geral de nascidos vivos, mas não foram encontradas cardiopatias graves que necessitem de intervenção nos primeiros meses de vida. O estudo com Holter 24 horas não mostrou arritmias, mas evidenciou uma menor VFC no grupo com SZC e microcefalia grave. A avaliação da confiabilidade demonstrou que as diferenças entre as aferições independentes ao ECO realizadas por duplas de cardiopediatras foram clinicamente irrelevantes e que não modificaram o laudo final de exame normal comparado aos valores considerados normais ao ECO. Conclusões: O estudo indica que não há necessidade de incluir o ecocardiograma fetal e/ou neonatal na rotina de acompanhamento das gestantes com infecção pelo ZIKV e/ou dos recém natos logo após ao nascer e sugere que o Holter de 24 horas possa ser utilizado para prever uma pior evolução neurológica nos expostos verticalmente ao ZIKV que nascem sem todos os critérios que compõem a SZC. Isso antecipa o acompanhamento com equipe multidisciplinar de reabilitação que é sabidamente muito importante no acompanhamento desses pacientes.