Helmintos intestinais identificados em humanos, caprinos, ovinos e suínos: potencial interface entre o parasitismo humano e animal em área rural no Estado do Piauí

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Santos, Jéssica Pereira dos
Orientador(a): Costa, Filipe Aníbal Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/25151
Resumo: Em algumas regiões do Brasil, como em áreas rurais do Piauí, existe estreita convivência entre humanos e caprinos, ovinos e suínos, sendo o ambiente periurbano extremamente contaminado com fezes destes animais. Essa convivência íntima favorece a emergência e reemergência de zoonoses parasitárias, tendo em vista que parasitas da Ordem Strongylida abrangem espécies de interesse em saúde pública e veterinária. O presente estudo visou estimar a frequência de infecção por parasitas intestinais em humanos e animais domésticos (caprinos, suínos e ovinos) em estreito convívio, no município de Nossa Senhora de Nazaré, no Piauí, com ênfase na identificação de transmissão potencialmente zoonótica na interface humano-animal. Foi realizado um estudo transversal incluindo 307 pessoas e 88 animais de criação (caprinos, suínos e ovinos). Utilizaram-se as técnicas de Kato-Katz e Ritchie para o processamento das amostras fecais de humanos, e as técnicas de Willis e Ritchie para a análise das amostras fecais de animais. Índices morfométricos foram realizados com a finalidade de classificar os ovos de parasitas da ordem Strongylida em ancilostomídeo, Trichostrongylus e/ou Oesophagostomum. A prevalência geral de infeção por helmintos em humanos foi de 15,3%, sendo ancilostomídeo o parasita mais frequente, com maior taxa de positividade em indivíduos com idade de 11-20 anos. Ovos de parasitas da ordem Strongylida foram identificados em 19/22 (86,3%) das amostras fecais de caprinos, 11/13 (84,6%) das amostras de ovinos e em 48/53 (90,6%) das amostras de suínos Foram medidos 44 exemplares de ovos de ancilostomídeos em humanos, cujo comprimento variou de 56 \03BCm a 80 \03BCm, e largura de 35 \03BCm a 50 \03BCm, dimensões semelhantes aos ovos de parasitas pertencentes ao gênero Oesophagostomum. Os ovos de Strongylida identificados em ruminates tiveram comprimento médio de 78,17 ± 9,13 \03BCm, variando de 65 \03BCm a 93 \03BCm. Em suínos, a média foi 67,9 ± 8,8 \03BCm, variando de 44 \03BCm a 91 \03BCm. A análise morfométrica demonstrou que entre os ovos Strongylida de suínos, 87,5% tinham tamanho compatível com parasitas do gênero Oesophagostomum e 14,6% compatível com parasitas do gênero Trichostrongylus. Em relação os ovos de caprinos, 57,9% tinham tamanho compatível com parasitas do gênero Trichostrongylus e 63,2% compatível com parasitas do gênero Oesophagostomum. Da mesma forma, em ovinos foi evidenciada uma frequência de 36,4% para ovos compatíveis com parasitas do gênero Oesophagostomum e 63,6% para parasitas do gênero Trichostrongylus. Observou-se ainda, uma taxa de positividade de 9,4% de infecção por Ascaris sp em suínos, mais provavelmente Ascaris suum. A ancilostomíase é a geo-helmintíase mais frequente no município de Nossa Senhora de Nazaré. Nenhum ovo identificado em humanos possui tamanho compatível com Trichostrongylus sp, e não foi detectada infeção por Ascaris sp em humanos que convivem com suínos infectados, o que sugere a ausência de transmissão zoonótica destes parasitas na amostra estudada.