Hemodiálise altera parâmetros lipídicos, atividade da paraoxonase e incorporação in vitro de fosfolipídios.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Marques, Franciane Santos
Orientador(a): Couto, Ricardo David
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/18720
Resumo: A doença renal crônica (DRC) está associada com aterosclerose precoce, que é agravada por distúrbio do metabolismo das lipoproteínas, bem como outras alterações que contribuem para disfunção endotelial e de outras túnicas vasculares levando a morte prematura. O perfil lipídico na DRC evidencia a presença de hipertrigliceridemia, redução do colesterol da HDL (HDL-C) e alteração dos padrões de enzimas que atuam em vias regulatórias do metabolismo da HDL, dentre elas, paraoxonase 1 (PON-1) e proteína de transferência de fosfolípide (PLTP). Além disso, a existência de outros fatores de risco para DRC como stress oxidativo e inflamação agravam o quadro dislipidêmico. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da hemodiálise (HD) no remodelamento das partículas de HDL através da incorporação in vitro de fosfolipídios entre as lipoproteínas, da capacidade antioxidante da HDL (PON-1) e das razões de risco cardiovascular no pré e pós-hemodiálise. Todos os subgrupos mostraram elevação de colesterol (CT), HDL-C e não-HDL-C após HD, porém não foi observada modificação na concentração de triglicérides (TG) em pré- e pós-HD. Com relação ao balanço do transporte de colesterol observou-se que a apo AI aumentou no pós-HD, subgrupos 30-39 e 40-49 (p<0,05) e 50-59 anos (p<0,01). O mesmo comportamento também foi notado para apo B, ou seja, elevação nos subgrupos 40-49 (p<0,01), 50-59 (p<0,001) e > 60 anos (p<0,05). O índice CT/HDL-C reduziu nos subgrupos 30-39 (p<0,01), 40-49 (p<0,01) e >60 anos (p<0,01) no pós-HD, a razão TG/HDL-C diminuiu nos subgrupos 30-39 (p<0,05) e 40- 49 anos (p<0,05) após HD. Alguns autores têm apontado influência da composição do tampão dialisato na elevação sérica do HDL-C. Com relação ao subtipo da LDL, o índice LDLC/ apoB aumentou no subgrupo >60 anos, p<0,05 após HD, no entanto não houve modificação no subtipo da LDL. O índice HDL-C/apo AI aumentou nos subgrupos 40-49 (p<0,05) e >60 anos (p<0,01). Estes achados resultam em maior carga de colesterol na HDL, o que pode sugerir aumento no tamanho desta partícula após a HD. A razão não-HDL-C/HDL-C reduziu nos subgrupos 40-49 (p<0,05) e >60 anos (p<0,05). A correlação entre % de incorporação de PL – 14C e não HDL-C/HDL-C foi negativa no subgrupo 30-39 anos tanto no pré-HD (r = - 0,90; p=0,002), quanto no pós-HD (r=-0,78; p=0,022), Pearson. Observou-se correlação positiva entre PON-1 e % de incorporação de PL – 14C no subgrupo >60 anos tanto no pré- HD (r = 0,63; p=0,029), quanto no pós-HD (r=0,65; p=0,022), Pearson. A atividade da PON- 1 aumentou apenas no subgrupo 50-59 anos no pré-HD (59±30; p<0,05) e no pós-HD (73±38; p<0,05), demonstrando que a HD pode interferir no potencial antioxidante da HDL. Há diversos relatos do potencial pró-aterogênico da PLTP. No presente estudo, foi observada redução significativa da % de incorporação de PL – 14C (p<0,05) no pós-HD em comparação ao pré-HD do grupo >60 anos, o que traduz a diminuição da atividade desta enzima após a HD. Em conclusão, os achados deste trabalho demonstram que durante a HD há alteração do perfil lipídico e das razões de riscos cardíacos, e que nesta casuística a HD alterou o remodelamento da HDL. Estes resultados evidenciam a influencia da HD no metabolismo lipídico.