Parasitoses Intestinais entre os Índios Suruí, Região Amazônica, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Silva, Cassius Schnel Palhano
Orientador(a): Araújo, Adauto José Gonçalves de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4854
Resumo: Sedentarização, poluição do peridomicílio e precariedade de saneamento, são fatores que contribuem para a contaminação ambiental e intensificação da transmissão das enteroparasitoses entre populações indígenas no Brasil. Este inquérito parasitológico foi realizado na etnia Suruí, situada no Estado de Rondônia, Região Amazônica brasileira, em fevereiro e março de 2005. Ênfase foi dado ao diagnóstico da infecção pelo protozoário Entamoeba histolytica, agente etiológico da amebíase, importante causa de morbi-mortalidade por diarréia no mundo. Procurou-se distinguir infecções por Entamoeba histolytica e Entamoeba dispar através de métodos moleculares. Foram coletadas amostras fecais de 533 indivíduos de todas as idades e ambos os sexos, as quais foram submetidas a exames pelos métodos de Faust e col. e de Ritchie modificado. A prevalência encontrada para os helmintos intestinais foi de 36,2%, e para protozoários foi de 71,1%, embora a prevalência de protozoários potencialmente patogênicos fosse de 27%. Algumas das espécies detectadas foram: Entamoeba coli (51,6%), Hymenolepis nana (29,3%), Giardia lamblia (15,9%) e complexo Entamoeba histolytica / Entamoeba dispar (12,0%); dentre as amostras positivas para E. histolytica / E. dispar à microscopia, o teste de ELISA confirmou a infecção por E. histolytica em 25,4% dos casos, representando prevalência de 3% na população. Outro achado importante foi a baixa prevalência de geo-helmintos: ancilostomídeos mostram uma prevalência de 3,2%, enquanto as espécies Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura, parasitos muito comuns em populações humanas, não foram encontradas. Comparandose estes resultados com inquéritos prévios nesta população observa-se importante declínio das helmintíases em geral, assim como aumento da infecção por protozoários e Hymenolepis spp.. Dentre os possíveis determinantes desta transição estão o uso de tratamento anti-helmíntico em massa e transformações nas habitações dos Suruí. Contudo, outros fatores devem ser analisados, uma vez que o emprego irregular do tratamento em massa nesta comunidade não haveria de ser suficiente para manter tamanho controle das helmintíases. A ausência de infecções por Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura indica ainda uma nova situação, onde outros parasitos tendem a ocupar o lugar destes dois agentes comuns, surgindo como infecções emergentes.