Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Val, Alexandre da Costa |
Orientador(a): |
Modena, Celina Maria |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/15100
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Resumo: |
As anorexias e bulimias nervosas são consideradas síndromes psiquiátricas caracterizadas pelo desconforto com a imagem corporal e por alterações nos comportamentos alimentares. A despeito dos prejuízos físicos, psíquicos e sociais, os sujeitos com esses sintomas raramente buscam por ajuda nos serviços de saúde. Os profissionais de saúde, por sua vez, dão indícios de não estarem instrumentalizados para sustentar o tratamento e o vínculo com esses pacientes. Esta pesquisa teve como objetivo investigar os itinerários terapêuticos de sujeitos com esses sintomas, através das narrativas dos pacientes e trabalhadores da saúde, como meio para qualificar os elementos que intervêm sobre a possibilidade de seu tratamento no contexto dos avanços do biopoder. Para isso, entrevistamos 20 sujeitos que estavam em acompanhamento em um serviço de referência e 13 profissionais de um pequeno município que tiveram contato com um paciente. As entrevistas tiveram como eixo a proposta dos itinerários terapêuticos, suscitando, junto aos entrevistados, narrativas sobre a sucessão de movimentos desencadeados a partir da identificação de seus sintomas como um problema. A análise foi realizada de forma a localizar pontos de conexão entre os relatos obtidos e o contexto social de sua ocorrência (organização dos serviços de saúde, características do saber médico e da subjetividade contemporânea), tendo como referencial teórico estudos da Saúde Coletiva e da Psicanálise. As narrativas mostraram que os itinerários são atravessados pela recusa. Por parte dos sujeitos, o estatuto de doença, assim como as possibilidades de tratamento, são recusados devido ao caráter de funcionalidade que essas práticas assumem para cada um. Por parte dos profissionais, a recusa relaciona-se aos afetos de frustração e impotência diante de sintomas que não se deixam capturar pelo discurso biomédico, suscitando encaminhamentos rápidos, posturas ameaçadoras, de força ou resistência. Isso se deve à tendência à homogeneização e à exclusão das singularidades que predomina na lógica do biopoder. As anorexias e bulimias, tomadas como paradigmas do sofrimento psíquico no contemporâneo, revelam que há algo do sujeito que sempre escapa às investidas de normatização. Se, por um lado, a nomeação de particularidades permite pensar e intervir na dinâmica coletiva, por outro, o desconhecimento da singularidade pode impedir que cada sujeito reencontre, à sua maneira, a possibilidade de reinscrição no laço social. |