Avaliação de uma proteína de Schistosoma mansoni como antígeno em um novo teste de imunodiagnóstico da esquistossomose

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Oliveira, Gabriela de
Orientador(a): Pereira, Rosiane Aparecida da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: s.n.
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55236
Resumo: Apesar dos avanços alcançados nas últimas décadas pelas ações de controle da esquistossomose, a doença ainda permanece como um grave problema de saúde pública mundial. Ainda são necessárias novas intervenções para alcançar a sua eliminação, ou até mesmo o controle da transmissão da doença. Um dos obstáculos para se alcançar a meta de eliminação da doença é a sensibilidade do método de diagnóstico utilizado. Atualmente, o diagnóstico parasitológico pela técnica de Kato-Katz é o recomendado pela OMS. Entretanto, este método apresenta uma baixa sensibilidade na detecção da infecção pelo S. mansoni, principalmente em áreas de baixa endemicidade e baixa intensidade de infecção. Portanto, faz-se necessário o desenvolvimento de novos testes de diagnóstico, tais como os testes sorológicos, que sejam mais sensíveis e capazes de detectar precisamente as infecções ativas. Nesse contexto, foi selecionada, em um trabalho prévio de imunoproteômica realizado pelo nosso grupo, uma proteína de S. mansoni, denominada neste trabalho de PPE, que foi reconhecida exclusivamente pelo soro de indivíduos infectados. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o potencial da proteína PPE de S. mansoni para compor um novo teste de imunodiagnóstico da esquistossomose quando utilizada em sua forma recombinante. Para isso, a proteína PPE foi expressa em sistema procarioto, em fusão com uma cauda 6xHIS, e purificada a partir da fração solúvel do extrato bacteriano por afinidade com íons de níquel. A proteína recombinante foi obtida com rendimento e níveis de pureza satisfatórios, e se manteve estável por no mínimo sete dias a 4oC e a temperatura ambiente. Além disso, a PPE recombinante manteve o mesmo perfil de reconhecimento antigênico observado anteriormente para a proteína nativa. Em seguida, foi avaliada a reatividade de IgG e IgG4 presentes no soro de indivíduos infectados e não infectados pelo S. mansoni contra a proteína PPE recombinante em ensaios de ELISA e a reatividade de IgG, IgG4 e IgA em ensaios de citometria de fluxo. Nos ensaios de ELISA, a reatividade de IgG foi avaliada utilizando as amostras de soro diluídas 1:40, 1:80 e 1:100. Nestas três diluições foi possível discriminar os indivíduos infectados dos indivíduos não infectados, tanto de área endêmica quanto de área não endêmica para esquistossomose. O teste utilizando as amostras de soro diluídas 1:100 apresentou o melhor desempenho, sendo obtidos os valores de sensibilidade de 88,89%, especificidade de 74,36% e acurácia global AUC = 0,86. Já nos testes de ELISA para análise da reatividade de IgG4 foi possível discriminar os indivíduos infectados apenas dos indivíduos saudáveis de área não endêmica. Nestes testes as amostras de soro foram diluídas 1:80 e 1:100, e apresentaram um desempenho semelhante entre eles, com valores de sensibilidade de 76,47% e 70,59%, especificidade de 79,49% e 82,05%, e acurácia global 0,75 e 0,70, respectivamente. Após confirmar o acoplamento da PPE recombinante às microesferas funcionais, foi avaliada a reatividade das imunoglobulinas IgG, IgG4 e IgA em ensaios de citometria de fluxo. Nos testes realizados com IgG e IgG4 foi possível diferenciar os indivíduos infectados dos indivíduos não infectados, de área endêmica e de área não endêmica para esquistossomose. Entretanto, o teste com IgA não foi capaz de discriminar entre os indivíduos infectados e não infectados de área endêmica. Dentre os três testes realizados, o que avaliou a reatividade de IgG4 contra a PPE apresentou melhor desempenho, com valores de sensibilidade de 90,91%, especificidade de 80% e acurácia global AUC = 0,90. Os resultados obtidos neste trabalho demostraram que a proteína PPE recombinante é um antígeno promissor para ser utilizado no diagnóstico sorológico da esquistossomose e que os testes desenvolvidos têm potencial para serem utilizados no diagnóstico acurado da doença.