Escorpionismo no Brasil com ênfase no Rio de Janeiro: subsidiando políticas públicas para populações expostas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Souza, Claudio Maurício Vieira de
Orientador(a): Bochner, Rosany
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30545
Resumo: Acidentes com escorpiões no Brasil apresentaram um aumento de 600% entre os anos de 2001 e 2015 e em 2014 o número de óbitos decorrentes desses casos superou o das fatalidades causadas pelo ofidismo. Os óbitos por escorpionismo são de notificação obrigatória ao SINAN, SIM e ao SIH-SUS. Entre 2001 e 2015 para o estado do Rio de Janeiro há uma grande discrepância nos dados desses sistemas de informação, com 18 casos notificados ao SINAN, 10 ao SIM e um ao SIH-SUS. Esse achado sustentou a aplicação do conceito de evento sentinela em Saúde no estudo desses óbitos e a análise do contexto, determinantes sociais e a avaliação do conceito de \201Cdoença negligenciada\201D aplicado a esse agravo. Utilizamos metodologia interdisciplinar, quanti qualitativa para exame dos três sistemas de informação. Para superar a invisibilidade das pessoas envolvidas analisamos o conteúdo das falas dos familiares dos falecidos e dos responsáveis pelas ações voltadas ao agravo nos municípios criando uma comunidade de discursos polifônica e inclusiva. Consideramos indicadores demográficos, ambientais, educacionais, econômicos e de Saúde para aproximação à realidade das populações expostas ao agravo. Verificamos erros de preenchimento e digitação, incompletudes e inconsistências, duplicidades e casos de óbitos que não ocorreram Confirmamos 13 óbitos: 11 notificados ao SINAN, 13 ao SIM e cinco ao SIH-SUS. Esse quadro indica a necessidade de treinamento e envolvimento dos profissionais de Saúde para sua apropriação dos usos e potencialidades dos sistemas de informação analisados. Foi apontada a necessidade de análise comparativa dos dados dos sistemas para investigações obrigatórias desses eventos. Confirmamos óbitos com menores de 14 anos, e que em 90 % dos acidentes fatais confirmados no SINAN houve algum tipo de atraso no tratamento do paciente. Concluímos pela necessidade de revisão da lógica de implantação dos centros de referência para tratamento específico. Os óbitos confirmados concentram-se em municípios e populações que figuram entre os mais pobres do estado, com os piores níveis de desigualdade, com baixa escolaridade média, que vivem e trabalham em regiões com modelos de ocupação do solo que favorecem o escorpionismo, e onde as condições de trabalho insuficientes não permitem que sejam desempenhadas ações sistemáticas e permanentes de atenção ao agravo. Aplicando modelos de análise e enfrentamento de doenças negligenciadas verificamos que as peculiaridades desse agravo não permitem a abordagem estereotipada de outros problemas de Saúde indicado o abandono do escorpionismo sob a ótica de políticas específicas para seu enfrentamento e sustentando a atribuição da condição de negligência às populações expostas a esse agravo no estado do Rio de Janeiro.