Epidemiologia e caracterização molecular de parasitos intestinais em diferentes regiões brasileiras, com ênfase em Giardia duodenalis e Entamoeba spp.

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Calegar, Deiviane Aparecida
• Orientador(a): Costa, Filipe Aníbal Carvalho
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49469

Objetivos. Descrever cenários locais de infecções humanas por parasitos intestinais em diferentes regiões brasileiras, com ênfase na identificação de determinantes socioambientais e da diversidade genética de Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar, Entamoeba coli e Giardia duodenalis. Explorar a diversidade genética de Giardia duodenalis em infecções de caprinos, ovinos e suínos vivendo em ambiente peridoméstico no estado do Piauí Metodologia. Foram realizados estudos transversais para coleta de amostras fecais e dados sociodemográficos e antropométricos em: i) Santa Isabel do Rio Negro, Amazonas (n= 392), ii) Bagre, Pará (n=362), iii) Teresina, Piauí (n=298) e iv) São João do Piauí, Piauí (n=131), e Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro (n=545). Amostras fecais de suínos (n=49), caprinos (n=12) e ovinos (n=10) foram coletadas em Nossa Senhora de Nazaré, Piauí. As amostras foram submetidas às técnicas parasitológicas microscópicas. As amostras positivas para Entamoeba spp. foram submetidas à análises moleculares por meio de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e sequenciamento de fragmento do DNA do gene SSU (small subunit) ribosomal DNA. Amostras positivas para G. duodenalis foram submetidas à PCR e sequenciamento de fragmento do DNA do gene da \03B2-giardina. As amostras de animais foram submetidas diretamente à PCR e sequenciamento de fragmento do DNA do gene da \03B2-giardina. Resultados. i) Em Cachoeiras de Macacu-RJ, foi observada uma taxa mais baixa de infeção por geo-helmintos, que atingiu 1,7%. Destacaram-se infecções por G. duodenalis e E. histolytica/E. dispar, com positividade de 8,6% e 13,4%, respectivamente, sendo estas infecções significativamente mais frequentes nos grupos com menor renda; ii) em áreas rurais de Teresina-PI, a proporção de infectados com A. lumbricoides e ancilostomídeos foi de 5,7% e 8,6%, respectivamente, analisando-se em conjunto as crianças de Cachoeiras de Macacu-RJ e Teresina-PI, um modelo de regressão linear múltipla demonstrou que os parâmetros antropométricos altura-para-idade e pesopara-idade foram positivamente influenciados pela renda familiar e negativamente influenciados por sexo feminino e por infecções por A. lumbricoides e E. coli; iii) Analisandose sequencias nucleotídicas do gene SSU (small subunit) ribosomal DNA de espécies de Entamoeba que produzem cistos octanucleados de todas as regiões estudadas, verificou-se que E. coli ST1 predomina nas localidades da Caatinga e Mata Atlântica, e que ST2 predomina na região amazônica. Os amebídeos tetranucleados foram caracterizados por: E. histolytica, E. dispar, e E. hartmanni, sendo E. histolytica detectada apenas na Amazônia; iv) com relação à giardíase, considerando-se todas as regiões estudadas em conjunto, a frequência de infecção foi superior em Bagre-PA (17,3%), estando associada à pobreza, à pobreza extrema e a cenários sanitários mais desfavoráveis. A genotipagem do gene da \03B2giardina revelou que na Amazônia houve predomínio de genótipo B, enquanto o genótipo A foi o mais frequente em Cachoeiras de Macacu-RJ e no Piauí; v) a genotipagem de G. duodenalis obtida de pequenos ruminantes e suínos revelou predomínio de genótipo A, filogeneticamente relacionadas a isolados humanos. Conclusões.O perfil etiológico do parasitismo intestinal variou nas regiões brasileiras analisadas, demonstrando que as mesmas ainda persistem como um problema de saúde coletiva, com claros determinantes socioambientais.