Saúde, subjetividade e trabalho na Estratégia Saúde da Família Fluvial no interior do Amazonas: uma análise Dejouriana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Andrade, Anne Karina Pereira de
Orientador(a): Pontes, Ana Lúcia de Moura
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/31198
Resumo: A Saúde do Trabalhador tem se mostrado como um campo fértil de pesquisas que estabelecem a relação de saúde-trabalho e adoecimento. A degradação do trabalho, o acúmulo de funções e o descumprimento dos regulamentos de proteção à saúde, trouxeram o risco de doenças em decorrência da crescente deterioração das condições de trabalho. Este estudo teve como objetivo discutir a saúde dos trabalhadores das Equipes de Saúde da Família Fluvial que exercem sua atividade com populações rurais ribeirinhas no município de Manaus e/ou Novo Airão- AM, a partir da perspectiva da Psicodinâmica do Trabalho, teoria de Christophe Dejours (2015) pretendeu-se fazer uma análise que possibilita a percepção de que o trabalho pode ou não ser propiciador de saúde ou doença. Como metodologia de pesquisa optamos pela abordagem qualitativa e como instrumento de coleta de dados foi utilizada a entrevista semiestruturada. Foram entrevistados 08 profissionais de duas equipes da ESF Fluvial, o roteiro de entrevista consistiu em questões referentes ao prazer e sofrimento na realização do trabalho, reconhecimento, estratégias defensivas da profissão, organização do trabalho, relações interpessoais e a relação saúde-adoecimento e contou com a participação dos profissionais das ESF Fluviais que atuam nas localidades citadas. Os resultados apresentaram que o trabalho das equipes se apresenta de modo diferenciado em comparação as atividades realizadas nas unidades básicas de saúde da zona urbana, realizando atendimentos de urgência e que extrapolam o horário padrão de funcionamento. Nas condições de trabalho das equipes fluviais percebe-se que há dificuldades em lidar com a situação socioeconômica das comunidades, falhas na estrutura do barco e falta de comunicação externa no período embarcado, que desencadeiam situações de sofrimento e para se proteger utilizam estratégias como negação do tempo e cooperação nos relacionamentos interpessoais da equipe multiprofissional como forma de subversão ao sofrimento, entretanto a equipe também apresentou vivências de prazer em relação ao trabalho na ESF Fluvial, expressando satisfação ao se trabalhar com os ribeirinhos apesar das dificuldades. A partir dos resultados alcançados se pode contribuir para subsidiar futuras discussões sobre a formulação de políticas de saúde do trabalhador da atenção primária em áreas rurais na Amazônia, principalmente nas especificidades da relação entre processo de trabalho e sofrimento psíquico.