Avaliação do efeito do lipossomo-clodronato no curso da infecção de primatas neotropicais Saimiri sciureus por Plasmodium falciparum

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Cunha, Janaiara Araujo
Orientador(a): Daniel-Ribeiro, Cláudio Tadeu, Carvalho, Leonardo José de Moura
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/13350
Resumo: Os primatas neotropicais dos gêneros Saimiri e Aotus são modelos recomendados pela OMS para estudos experimentais da malária humana, pois são susceptíveis à infecção por plasmódios humanos e reproduzem de forma relativamente confiável a patologia e a imunidade observadas em humanos. Eles apresentam, entretanto, uma importante limitação: a necessidade de se esplenectomizar o animal para que as parasitemias sejam elevadas e consistentes. O objetivo desse estudo foi avaliar a influência da administração de lipossomo-clodronato (LC), utilizado para depletar monócitos/macrófagos em vários modelos experimentais, na infecção por Plasmodium falciparum em Saimiri sciureus. Realizou-se um experimento in vitro utilizando cultivo de esplenócitos de Saimiri, incubados em presença ou não de LC, quantificando-se a depleção de macrófagos por citometria de fluxo. Primeiro experimento: foram utilizados seis animais não esplenectomizados divididos em dois grupos que receberam 1mL PBS ou de LC (5mg/mL) a partir do dia 0 de infecção com inóculo contendo 106 hemácias parasitadas com P. falciparum (cepa FUP). Segundo experimento: foram utilizados 14 animais não esplenectomizados divididos em seis grupos - três grupos não infectados, com dois animais cada, que receberam 1mL PBS, ou 0,5mL ou 1mL de LC e três grupos infectados no dia 0 que receberam as mesmas administrações; sendo que o grupo que recebeu PBS tinha dois animais e os grupos que receberam LC tinham três animais cada. Em ambos os experimentos as administrações foram por via intravenosa duas vezes por semana a partir de dia 0. Após eutanásia, foram realizados exames histopatológicos e ensaio de expressão de citocinas em células esplênicas No ensaio in vitro o LC induziu uma citotoxicidade dose-dependente de monócitos/macrófagos. No primeiro experimento o grupo tratado com LC apresentou aumento na parasitemia alcançando valores superiores a 20% no d11 e requerendo tratamento. O grupo tratado com PBS apresentou parasitemia de 0,029% a 8,15% e foi capaz de controlar espontaneamente a infecção no d18. No segundo experimento os animais infectados que receberam 0,5mL LC apresentaram parasitemias mais elevadas (pico entre 16,1% e 26,7% entre d10 e d14) do que os outros grupos (grupo PBS - picos entre 6,3% e 17,7% entre d12 e d13, e grupo 1mL LC \2013 pico entre 4,8% e 8,8% entre d11 e d15). Em todos os animais infectados, a temperatura foi relacionada com a presença de parasitemia e a hemoglobina e o hematócrito diminuíram alcançando valores mínimos quando parasitos já não são mais detectáveis na circulação. Os animais toleraram clinicamente a administração de LC, mas apresentaram sinais histopatológicos de toxicidade hepática. Em conclusão, o LC é capaz de promover parasitemias mais altas em infecções de P. falciparum em primatas S. sciureus. A infecção esteve associada a evidências de depleção parcial de macrófagos como diferenças no tamanho dos baços e menor presença de ferro nos baços e fígados dos animais que receberam LC. Ensaios ainda precisam ser realizados para se estabelecer volumes mínimos funcionais e superar o problema da aparente toxicidade hepática